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USP revê demissão de professora que sumiu na ditadura
Ana Rosa Kucinski, militante da ALN, desapareceu em 74 após ser levada por agentes da repressão para depor
Ao demiti-la, em 75, universidade afirmou que houve abandono de emprego; família exige reversão da medida
A Congregação do Instituto de Química da USP se reúne hoje para rever a demissão da docente e militante da ALN (Ação Libertadora Nacional) Ana Rosa Kucinski, vista pela última vez há 40 anos. A revogação é considerada certa.
A reunião, revelada ontem pelo jornal "O Estado de S. Paulo", foi confirmada pelo Instituto de Química. Trata-se de uma reação ao pedido da Comissão da Verdade da USP para reverter o caso.
Em outubro de 1975, mais de um ano após o seu desaparecimento, Ana Rosa Kucinski foi demitida pela congregação --instância mais alta do Instituto de Química-- sob a justificativa de abandono de emprego.
A decisão, tomada por 13 votos a favor e 2 votos em branco, levou em consideração uma nota oficial do Ministério da Justiça pela qual Ana Rosa e o seu marido, Wilson Silva, desaparecido junto com ela, eram "terroristas" e estavam "foragidos".
Segundo depoimentos de agentes da repressão, o casal foi sequestrado no dia 22 de abril de 1974 e levado para um centro de interrogatório e tortura em Petrópolis (RJ).
O ex-delegado de polícia Cláudio Guerra afirma que Ana Rosa, então com 32 anos, foi assassinada ali mesmo, e que depois seu corpo foi incinerado no forno de uma usina de açúcar.
Em 1995, a reitoria da USP reverteu a demissão, e Ana Rosa passou a ser considerada desaparecida política.
Sua família e a Comissão da Verdade da universidade, porém, consideram essa decisão insuficiente e têm exigido que a própria Congregação do Instituto de Química reveja publicamente a demissão da professora.
O instituto também inaugurará uma escultura em homenagem a Ana Rosa na entrada do prédio, no campus da USP. A solenidade será realizada às 15h do próximo dia 22, exatos 40 anos após o seu desaparecimento.