Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
A Copa como ela é
Câmara veta feriado em dia de jogo do Brasil, e Haddad amplia o rodízio
Vereadores boicotam proposta para as partidas da seleção; prefeitura adota plano emergencial
Ideia do governo era tentar reduzir o trânsito na cidade; base aliada e oposição alegaram prejuízos ao comércio
Após sofrer derrota na Câmara que barrou o feriado na segunda-feira (23), o prefeito Fernando Haddad (PT) decidiu que o rodízio de veículos nesse dia, para placas com finais 1 e 2, será das 7h às 20h.
A lei que estabelece o rodízio na cidade não menciona horários. Porém, decreto de 1997 estipulou a restrição das 7h às 10h e das 17h às 20h de segunda a sexta-feira.
A decisão é uma tentativa de evitar congestionamento como o da terça (17), quando a capital teve 302 km uma hora antes do jogo entre Brasil e México, em Fortaleza.
Na próxima segunda, além do jogo do Brasil contra Camarões, às 17h, em Brasília, haverá a volta do feriado e a partida entre Holanda e Chile no Itaquerão, às 13h.
Além disso, às 15h, foi marcado um protesto na av. Paulista contra a tarifa de ônibus.
O plano municipal inclui a ampliação do horário de funcionamento das faixas exclusivas de ônibus para todo o período diurno e para o início da noite, das 6h às 21h.
"Todas as faixas ficam com uso restrito para ônibus e o rodízio também fica valendo para o dia todo", afirmou o prefeito, segundo qual ainda será decretado na segunda ponto facultativo para todos os servidores municipais.
A prefeitura fará também uma campanha nas rádios para estimular a população a dar carona, utilizar o transporte público e evitar deslocamentos sem necessidade.
O governo estadual também deve decretar ponto facultativo na segunda-feira, mas só no período da tarde. O metrô terá esquema especial de funcionamento, com o uso de mais trens.
DERROTA
A base governista não conseguiu quórum para votar a lei que autorizava o prefeito a decretar feriados. Haddad chegou a convocar uma entrevista coletiva, confiante na vitória da proposta.
O município havia entrado em contato com a liderança na Câmara e até com o governo de Geraldo Alckmin (PSDB), que sinalizou ser favorável ao feriado, apesar de os vereadores tucanos terem se posicionado contra.
Com a manobra da oposição e a base aliada rachada, os petistas não conseguiram ter 28 vereadores para a votação em três sessões, mesmo com a presença de mais de 40 parlamentares.
Entre as baixas na base, houve vereadores do PR, DEM, PTB, PMDB, PSD e PV, que normalmente votam com a bancada do prefeito.
"Nós sabemos como é a política. Muitos vereadores têm relação com comércio, indústria. Votam pensando naqueles com quem têm relação", disse o líder do PT, vereador Alfredinho, para quem a cidade corre o risco de parar.
Agora, a bancada do prefeito ainda pode tentar aprovar a lei na terça (24). Haddad, no entanto, é pessimista em relação à mudança.
"Não sei qual é a disposição dos líderes para discutir o assunto, porque [a proposta] já foi vencida em primeira votação", afirmou.
O vereador Floriano Pesaro (PSDB) diz que a oposição continuará trabalhando contra o feriado. "Não podemos prejudicar todo o comércio, indústria e serviços", disse.