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Cotidiano em cima da hora

Movimento sem-teto invade terreno perto do Morumbi

Líder do MTST promete novas ocupações até que Plano Diretor de SP seja votado

Grupo prevê ato durante a semana; empresa dona do local diz que vai pedir reintegração de posse da área na Justiça

MARTHA ALVES EDUARDO GERAQUE PEDRO IVO TOMÉ DE SÃO PAULO

Um terreno na rua Doutor Luiz Migliano, no Jardim Caboré, perto do Morumbi (zona oeste de São Paulo), foi invadido por sem-teto ligados ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto), por volta da 0h de ontem (21/6).

Segundo Guilherme Boulos, líder do MTST, a ação é parte da pressão para que a Câmara aprove o Plano Diretor, projeto que determina as diretrizes urbanísticas da cidade nos próximos 16 anos.

A proposta deve ser votada junto com a regularização de outras áreas invadidas em Itaquera, zona leste.

"Vai haver uma nova ocupação em São Paulo para cada semana de demora na votação do Plano Diretor", disse Boulos, que prevê um ato na capital neste semana.

O plano deve passar pela 2ª votação nesta semana.

Cerca de 1.000 famílias estão acampadas em parte do terreno de 200 mil m² na zona oeste, diz Ana Paula Ribeiro, uma das coordenadoras do MTST. A Polícia Militar afirma que há cerca de 200 sem-teto ocupando o local.

Boulos disse não ter informações precisas sobre o terreno, que "estaria abandonado há 30 anos e há suspeita de que seja uma terra grilada que era do poder público".

A construtora Even, proprietária da área, classificou o ato como "totalmente irregular" e afirmou que pedirá a reintegração de posse.

Segundo a empresa, a propriedade foi adquirida há cerca de três anos para a construção de um edifício residencial, cujas obras não começaram porque ainda não houve aprovação da prefeitura.

O local fica perto do condomínio Portal do Morumbi e da avenida Giovanni Gronchi, e está entre um prédio de escritórios de alto padrão e de um lançamento de um empreendimento residencial.

Corretores da região afirmam que a invasão vai prejudicar a venda de imóveis no bairro, valorizado pelo mercado imobiliário.

O movimento afirma que três ônibus foram usados para levar parte dos organizadores da invasão à área.

O MTST disse que a maioria das pessoas que ocupa a área é de comunidades como Vila Praia, Olária e Viela da Paz, na zona oeste, que estão próximas ao terreno.

OCUPAR E RESISTIR

Em uma madrugada fria, com termômetros marcando 15ºC, mais de cem pessoas ouviram as orientações dos líderes do MTST sobre a rotina no acampamento.

Durante as orientações, os sem-teto gritavam palavras de ordem como "o povo sem-teto vai morar no Morumbi" e "ocupar, resistir e morar aqui". Em seguida, montaram barracas com lonas plásticas, bambu e madeira.

O eletricista Marcelo Lima, 39, disse que passava pela região e decidiu parar quando viu as bandeiras do MTST estendidas na entrada.

Lima afirmou que não acreditava no movimento e recusava convites para invasões, mas mudou de ideia quando viu que amigos irão receber apartamentos construídos em uma área que foi ocupada em Taboão da Serra. "Hoje vou faltar ao trabalho para montar uma tenda", disse.

Na quarta (18), cerca de 3.000 manifestantes ligados ao MTST, segundo a PM, fecharam a av. 23 de Maio, na zona sul, para pressionar a aprovação do Plano Diretor.


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