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Aliado de Dilma abre espaço para Aécio no Rio
Governador do PMDB confirma acordo para incluir tucano em chapa estadual
Dizendo ter 'carinho' pela presidente, Pezão afirma que a 'política é dinâmica' ao justificar união com adversário
Eleitor declarado da presidente Dilma Rousseff (PT), o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), disse nesta segunda-feira (23) que o palanque de sua campanha no Estado está aberto para o senador mineiro Aécio Neves (PSDB), principal rival de Dilma na corrida presidencial.
"Meu palanque no Rio vai ser com os três candidatos", afirmou Pezão, incluindo na conta o pastor Everaldo Pereira, que concorrerá à Presidência pelo nanico PSC, um dos 18 partidos que fazem parte da chapa do governador, que concorre à reeleição.
O PMDB do Rio formalizou nesta segunda a entrada do PSDB e de mais duas siglas de oposição ao governo Dilma, o DEM e o PPS, na chapa de Pezão. O movimento foi articulado pelo próprio Aécio, dando origem ao que os políticos batizaram de chapa "Aezão".
O acordo aumenta o tempo que o governador terá para fazer propaganda no rádio e na televisão e abre caminho para que a máquina eleitoral do PMDB no Estado trabalhe pela candidatura de Aécio.
Pezão disse que tem "muito carinho pela presidente Dilma", mas afirmou que "a política tem esse dinamismo" ao justificar a aliança com os rivais do PT. Ele lembrou que os petistas deram o primeiro passo para se afastar do PMDB no Estado, lançando o senador Lindbergh Farias como candidato a governador.
"Não fomos nós que rompemos a aliança [no Estado]", disse. "Eles abriram essa possibilidade ter outros palanques." Lindbergh foi eleito senador em 2010 na chapa do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), padrinho de Pezão.
O PMDB é o partido do vice-presidente Michel Temer e o principal aliado do PT no Congresso. Mas as duas siglas estarão separadas nas eleições deste ano em alguns dos maiores colégios eleitorais, incluindo São Paulo e Rio.
Lindbergh, que também apoia Dilma para presidente, fechou com o ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), outro adversário de Dilma na corrida presidencial. O deputado Romário (PSB) entrou na chapa como candidato ao Senado.
Os acordos feitos no Rio criam constrangimento para Dilma, porque a obrigam a dividir com seus rivais os palanques construídos pelos dois maiores partidos da coalizão governista no terceiro maior colégio eleitoral do país.
A aliança com Pezão abre caminho para que Aécio tenha exposição nos programas de televisão do PMDB e no material de campanha de cerca de 1.400 candidatos a deputado federal ou estadual que a chapa deve lançar. O PMDB é o partido mais forte do Estado e controla as prefeituras de 22 dos 92 municípios do Rio.
ÚTERO
O acordo com Aécio abriu espaço para acomodar o vereador e ex-prefeito Cesar Maia (DEM), que planejava disputar o governo estadual e agora será o candidato da chapa ao Senado, no lugar que seria ocupado por Cabral.
Pezão disse que vai "estufar a veia do pescoço" para pedir votos para o novo aliado, que sempre criticou os governos do PMDB no Estado.
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), que criticou o acordo feito por seu partido, classificando-o como um "bacanal", manteve-se em silêncio nesta segunda-feira, alimentando especulações de que poderá deixar o partido.
Cesar Maia, um dos padrinhos de Paes no início de sua carreira política e hoje desafeto do prefeito, fez piada quando lhe pediram uma opinião sobre as críticas de Paes à aliança do PMDB com os tucanos e o DEM. "É natural, ele saiu do meu útero", disse.