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A Copa Como Ela É
Apoio ao governo na internet varia com jogos
Desempenho da seleção altera tom de comentários nas redes sociais, aponta pesquisa
Termômetro da voz das ruas dos protestos de 2013, a rejeição de internautas à Copa deu trégua nas redes sociais, mas o humor em relação ao governo oscilou com o desempenho da seleção.
Essa foi a conclusão após monitoramentos feitos pelo mercado publicitário em redes como Facebook, Twitter, Instagram e YouTube.
"Às vésperas do evento, cresceram as mensagens de que seria melhor aproveitar a festa porque o clima de caos prejudicaria a imagem do país", diz Laura Kroeff, vice-presidente do NCGroup, cujas empresas administram o site Apita Brasil, que monitora menções nas redes.
Nos registros do Apita Brasil, queixas sobre Fifa, segurança, infraestrutura, saúde e educação dominavam a rede antes da abertura, com quase 20% das menções.
Iniciada a festa do Mundial, a cerimônia (13%) virou foco dos comentários, seguida por declarações de apoio à Copa (13%), sustentadas pelo 3x1 sobre a Croácia.
O dia do segundo jogo do Brasil começou com amenidades como a beleza do estádio Castelão (18%) e a ausência de Hulk (8,5%), ilustrada no coro "#NãoVaiTerBunda".
No segundo tempo, porém, o cenário mudou diante do empate --e a presidente Dilma Rousseff (PT) passou a figurar em 27% das menções.
Na goleada sobre Camarões, o otimismo reconduziu o futebol ao foco, com piadas sobre Fred (19%) e entusiasmo por Neymar (35%).
E o jogo terminou com comentários como "Vamos fazer protesto por mais Copa".
Para o professor da FGV Rafael Alcadipani, que estuda a onda de manifestações, a imagem da Copa ficou muito ligada ao governo Lula, o que provocou a politização.
"A escolha do país veio no apogeu do lulismo, quando o Brasil ia bem. Após os protestos, o evento virou sinônimo de desperdício de dinheiro público", afirma.