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Queda de juros causa atrito entre Banco do Brasil e Caixa Ação de Dilma por menores taxas abre disputa de bastidor entre bancos públicos BB acusa concorrente de assumir riscos excessivos; Caixa diz que 'rival' adota posição conservadora VALDO CRUZSHEILA D’AMORIM DE BRASÍLIA A ofensiva da presidente Dilma contra os bancos privados gerou uma disputa dentro do próprio governo. Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal passaram a trocar farpas nos bastidores e protagonizaram uma "corrida" pelo posto de líder no corte de juros, com anúncios seguidos de reduções. Segundo a Folha apurou no governo, o BB acusa a Caixa de ser agressiva demais e assumir risco excessivo com os cortes de juros em suas principais linhas de crédito. Essa posição é partilhada por setores da equipe econômica e, sobretudo, no setor financeiro privado. Técnicos temem que a estratégia do banco, que é 100% controlado pela União, acabe fazendo com que o Tesouro tenha de injetar mais recursos do que planejava na instituição. O banco negocia com o governo um aporte de dinheiro para continuar aumentando seu volume de crédito. Do lado da Caixa, a resposta é que o BB teme perder espaço comercial e está pressionado pelo Palácio do Planalto por conta de sua posição "conservadora" ao iniciar o processo de redução de suas taxas de juros. Tudo começou quando a presidente encomendou ao Banco do Brasil um plano de redução de suas taxas para forçar os bancos privados a seguir o mesmo caminho dos bancos públicos. A estratégia do BB foi montada para fazer cortes escalonados, de produtos por produtos, com o objetivo de ir testando sua eficácia e impactos no banco. O banco também foi contra a ideia de fazer um anúncio conjunto, com a presença da presidente, alegando que isso não seria recomendável para uma instituição com ações em Bolsa. Poderia sugerir ainda que a decisão não foi técnica, mas uma imposição do Planalto. Só que a Caixa teria se antecipado e feito uma ampla redução de suas taxas de juros, buscando estar à frente do Banco do Brasil. Foi quem reduziu primeiro, por exemplo, taxas de administração de fundos de investimentos. COMPARATIVO O clima entre as equipes dos dois bancos, comandados por Aldemir Bendini (BB) e Jorge Hereda (Caixa), azedou de vez depois de comentários públicos da cúpula da Caixa de que ela era o único banco que realmente estava reduzindo os juros. Em entrevista, Hereda disse que "muita gente baixou juros para nichos", mas a Caixa baixou para todos. Dentro do Banco do Brasil, a irritação com a Caixa não é nova. Ela é acusada de tentar roubar mercado do próprio BB, fazendo propostas ousadas para clientes do banco, como prefeituras. A troca de farpas acabou gerando uma tabela, que circulou em setores do governo, comparando os juros do BB, da Caixa e de mais quatro bancos privados. Datada de 9 de maio, em todas as comparações a Caixa aparece no ranking com as menores taxas. Na avaliação de um assessor presidencial, a Caixa aposta que o crescimento de suas operações e do número de clientes será mais do que suficiente para cobrir os cortes que estão sendo efetuados, sem gerar pressões por recursos do Tesouro. O BB, do seu lado, alega que precisa agir com cautela por ter ações negociadas na Bolsa de Valores. Com essa postura, ganhou fama de conservador e de não atender totalmente os pedidos do Planalto. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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