Texto Anterior
|
Próximo Texto
| Índice | Comunicar Erros
Cientista político diz que julgamento pode criar 'círculo virtuoso' Para ele, maior gargalo institucional do país na luta contra a corrupção está no Judiciário FERNANDO MELLODE BRASÍLIA Antes de voltar da USP para a American University, em Washington, o cientista político Matthew Taylor publicou "Corrupção e Democracia no Brasil", sobre a impunidade. Para ele, o julgamento do mensalão pode iniciar um "círculo virtuoso", ao aumentar a percepção de que políticos devem temer a Justiça. - Folha - Qual é a importância do julgamento do mensalão? Matthew Taylor - Apenas o fato de o STF julgar publicamente é um avanço, pois são pessoas importantes da política. Pelo tamanho, pelo número de réus e por impactar uma presidência muito louvada em outros campos, a de Lula, é um caso histórico. Quais podem ser as consequências de condenações? Quando corrupção é descoberta, investigada e punida, um círculo virtuoso se torna possível, com ganhos institucionais. Primeiro, acaba com práticas específicas e contribui com o saneamento do jogo político. Segundo, pode demonstrar que há riscos aos que se engajam em práticas corruptas. Terceiro, pode ajudar a restaurar a confiança nas instituições. O efeito é imediato? Não, são mudanças paulatinas. Se compararmos o Brasil de 1980 e o de hoje, não houve nenhum momento de mudança institucional radical no combate à corrupção. Mesmo assim, a melhora acumulada é significativa. Que escândalos tiveram efeitos institucionais positivos? Com os anões do Orçamento, iniciou-se uma iniciativa que só vingou uma década depois: a possibilidade de políticos serem julgados e investigados pelo STF sem aval do Congresso. Mas em cada momento histórico surgem gargalos. Não acredito que o problema da impunidade ou da corrupção seja, prioritariamente, cultural, mas institucional. Hoje, me parece claro, o Judiciário é o gargalo. Por quê? Os sete anos de distância dos fatos mostra que há um problema. Réus foram tirados do jogo político cotidiano, mas puderam continuar influenciando. E há o problema de o STF se envolver. Ele não é um tribunal penal. Demonstra que as regras privilegiam elites. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |