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Mensalão - o julgamento 'Sinto medo', afirma banqueira do Rural Em carta divulgada a amigos, Kátia Rabello não cita a palavra "prisão", mas diz saber do risco que está correndo Ela já foi condenada por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta; falta ser julgada por formação de quadrilha
DE SÃO PAULO A banqueira Kátia Rabello, principal acionista do Banco Rural, instituição usada no esquema do mensalão, diz em carta divulgada a amigos que está com medo. "A semana passada estive muito mal. O cansaço e a desesperança se abateram sobre mim. Sei do risco que corro e é claro que sinto medo", escreveu na mensagem, obtida pela Folha. Kátia não cita a palavra prisão, mas pode ir para o regime fechado após ter sido condenada pelo Supremo Tribunal Federal por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Ela será julgada ainda por formação de quadrilha. A pena de prisão pode ultrapassar os oito anos, tempo mínimo para os ministros determinarem o cumprimento em regime fechado. Na mensagem, ela diz ter vivido "momentos terríveis" após a morte de José Augusto Dumont, ex-vice-presidente do Rural apontado por seu advogado, José Carlos Dias, como elo entre o banco e o PT. Dumont morreu em 2004, num acidente de carro. Se a tese de defesa do advogado tivesse prevalecido, o culpado seria um morto. Os ministros do Supremo derrotaram a tese de Dias e imputaram a responsabilidade pelos empréstimos de R$ 31 milhões do Rural, feitos a agências de Marcos Valério e ao PT, a Kátia Rabello e aos executivos que ela contratou. Os ministros endossaram a tese da Procuradoria, segundo a qual ela teve encontros com o então ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, por ter interesses em acabar com a liquidação do Banco Mercantil de Pernambuco, do qual o Rural controlava 22%. Essa foi a razão apontada pelo Supremo para o Rural conceder empréstimos ao PT e às agências de Valério. "Essa sensação de impotência é que nos faz perder a razão de viver", escreve ela. Católica, a banqueira diz ter buscado apoio em Deus e no estímulo dos amigos. Para ela, "a vida é dura demais". Kátia diz conviver com um sentimento de "injustiça" após a condenação. "Lá no fundo, cada um de nós sabe o que fez e o que não fez... Por isso estou em paz", relata. Segundo ela, houve momentos de "desespero" entre 2004 e 2005. À época, o Rural foi abatido por três crises. A primeira foi causada pela quebra do Banco Santos. Com a derrocada, muitas empresas fugiam de bancos médios temendo insolvência. "Felizmente, pude honrar todos os compromissos", diz. A segunda foi causada pelo mensalão. A outra, pela morte do pai e da irmã. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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