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Mensalão O Julgamento Sem emprego, réu absolvido se afasta das rodas políticas Antônio Lamas leva vida reclusa após gerenciar lotérica e montar um 'spa de carros' 'Essa situação acabou com a vida dele', diz advogado, que estuda pedir uma declaração de inocência ao STF FILIPE COUTINHODE BRASÍLIA Absolvido no julgamento do mensalão, o ex-assessor do PL Antônio Lamas leva uma vida reclusa, sem emprego e longe das rodas políticas de Brasília. Lamas foi absolvido a pedido da própria Procuradoria-Geral da República que, primeiro, o acusou de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e, depois, concluiu não ter provas. A Folha pediu entrevista a Antônio Lamas, mas, mesmo com a absolvição, ele preferiu o silêncio: "Não falarei com ninguém da imprensa. Pode falar para todos", disse por e-mail a seu advogado. Desde que o escândalo estourou, em 2005, Lamas, 46, tem uma rotina bem mais discreta que a de seu ex-chefe, o deputado Valdemar Costa Neto (PR-SP), para quem sacou R$ 350 mil do esquema, segundo a Procuradoria. Antônio Lamas evita encontros até mesmo com seus advogados. Foram raras as idas ao escritório de advogacia de Délio Lins e Silva. Lamas, por exemplo, não quis discutir como seria a sustentação oral perante os ministros do STF, ponto alto da defesa no processo. Lamas tampouco quis saber na semana passada do resultado do julgamento, quando os ministros o absolveram por unanimidade. Atualmente, está desempregado. Após deixar o cargo no PL, ele tentou ser gerente de uma lotérica e chegou a montar um "spa de carros". "Essa situação [o mensalão] acabou com a vida dele. Ele só quer tocar sua vida", disse o advogado Délio Lins e Silva Júnior, que o defende com o pai, Délio. Apesar da "mágoa", Antônio Lamas não pretende pedir reparação na Justiça. O escritório de pai e filho faz a defesa de Antônio e do irmão Jacinto Lamas, ex-tesoureiro do PL e já condenado pelo STF por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. Foi da tribuna do Supremo que o advogado Délio Lins e Silva classificou de "abuso" a acusação contra Antônio Lamas. Segundo a defesa, a Procuradoria afirmou que os saques eram "habituais e reiterados", mas só conseguiu comprovar uma retirada de dinheiro. De acordo com a defesa, ele fez o mesmo que outros citados no processo, mas que não foram denunciados: sacar dinheiro a pedido de outra pessoa. A defesa comparou o caso de Antônio à situação da mulher de João Paulo Cunha (PT-SP), Márcia Regina, que sacou R$ 50 mil para o marido, mas não foi acusada. Agora, mesmo com Antônio Lamas absolvido, a defesa cogita entrar com um embargo de declaração no Supremo. O objetivo dos advogados é fazer o Supremo declarar a inocência de Antônio Lamas -e não a absolvição por falta de provas. A diferença é apenas "simbólica". "O que ele queria é um decreto de absolvição para dizer que ele não cometeu crime", disse o advogado Délio Lins e Silva Júnior. Lamas foi denunciado no mensalão em 2006 porque, segundo a Procuradoria, ele, seu irmão e o deputado Costa Neto montaram "uma estrutura criminosa voltada para a prática dos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro". Cincos anos depois, nas alegações finais, a Procuradoria pediu sua absolvição. Segundo o texto, é "indiscutível" que Lamas foi um "intermediário" de Costa Neto, mas "não se colheram provas de que tenha agido com consciência da ilicitude". Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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