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Mensalão o julgamento Banqueira diz encarar punição do mensalão com 'desesperança' Condenada no julgamento do mensalão, Kátia Rabello afirma que nunca quis 'prejudicar ninguém' Principal acionista diz que Banco Rural não está à venda e que nunca participou de 'negócio ilegal'
DE SÃO PAULO A banqueira Kátia Rabello, principal acionista do Banco Rural, perdeu a esperança. Sabe que deve ser presa após o julgamento do mensalão. Em entrevista à Folha, a primeira depois da sua condenação, ela afirma: "Questionei o sentido da vida". Kátia diz encarar "um castigo como esse" com "sentimento de desesperança". Ela foi condenada por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas, o que pode lhe render uma pena de prisão de 12 a 14 anos, segundo estimativas de advogados ouvidos pela Folha. O Supremo Tribunal Federal concluiu que o Rural usou meios fraudulentos para alimentar o mensalão, com empréstimos de R$ 31 milhões. Penas superiores a oito anos devem ser cumpridas em regime fechado, segundo a legislação. "Não vai ter pena alternativa", diz o advogado de Kátia, José Carlos Dias. "É um absurdo. A prisão deveria ser reservada para quem oferece riscos à sociedade." Aos 51 anos, a ex-bailarina que se tornou banqueira após a morte do pai e da irmã diz que sua passagem pelo Rural foi "uma catástrofe atrás da outra". Mas ela diz não se arrepender de nada. A seguir os principais trechos da entrevista, que Kátia concedeu por e-mail na semana passada.
Folha - O que a sra. imaginou quando soube que poderia passar um tempo na prisão?
Antes de presidir o Rural, a sra. foi bailarina e diretora de um grupo de dança. Algum arrependimento de ter mudado de carreira?
A sra. teve um jantar com o então ministro da Casa Civil, José Dirceu, num hotel em Belo Horizonte, em 2004. Que pedido a sra. fez a ele?
Faz sentido a imagem que a procuradoria pinta de Dirceu como chefe de quadrilha?
A sra. se arrepende de ter feito empréstimos ao PT?
A sra. se arrepende de alguma coisa?
O Rural é conhecido desde o governo de Fernando Collor e o esquema PC, nos anos 90, como um banco que era usado para fazer negócios heterodoxos ou considerados ilegais com políticos. Essa imagem faz algum sentido?
Por que o Rural aparece com frequência associado a escândalos, como os casos da Vasp e da Petroforte, nos quais o banco é acusado de ajudar a esconder mais de R$ 500 milhões de controladores de empresas que depois faliram?
São verdadeiros os rumores, que circulam desde 2005, de que o Rural está à venda e não encontra compradores?
Comparado ao que era antes do mensalão, o Rural tem a metade do patrimônio que tinha, um terço dos funcionários e só 28 agências. Dá para um banco sobreviver numa escala tão pequena? |
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