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Análise
Não parece, mas governo está longe da sua zona de conforto
MAURO PAULINO DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA ALESSANDRO JANONI DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHANo geral, os resultados da atual pesquisa Datafolha são positivos para o governo. A percepção de estabilidade econômica, baseada, sobretudo, na formalização do mercado de trabalho, anula possível frustração que indicadores objetivos pudessem imprimir na popularidade da presidente. A sensação de inclusão, associada aos governos petistas, inibe até efeitos mais expressivos das denúncias de corrupção e tráfico de influência em suas imagens.
O saldo revelado pelo eleitor é a força do PT em hipóteses para a corrida presidencial de 2014. Hoje Dilma e Lula aparecem como favoritos para vencer a disputa já no 1º turno. Mesmo entre os mais escolarizados, com maior renda e entre os que moram no Sudeste, os petistas batem figuras caras a esses segmentos, como Marina Silva, Joaquim Barbosa e Aécio Neves.
As taxas de apoio aos petistas crescem à medida que aumenta o otimismo em relação à economia. Nos segmentos onde as expectativas sobre inflação, desemprego e poder de compra são mais positivas, a reeleição de Dilma, por exemplo, chega a 70%.
Mas ao contrário do que os dados sugerem, o governo está longe de sua zona de conforto. É cedo para apostar no bem-estar da população como alavanca política rumo a 2014. Provas de fogo quanto a gestão de políticas públicas e de infraestrutura serão mais frequentes a partir de agora e as respostas do governo serão determinantes às aspirações eleitorais da presidente.
A taxa dos que acham que Dilma vem fazendo menos pelo país do que o esperado cresceu oito pontos nos últimos oito meses e o índice dos que esperam da petista um governo ótimo ou bom daqui para frente caiu cinco pontos em quase um ano.
Essa desconfiança sobre o desempenho da presidente pode ser explicada em parte pela sensação de insegurança. Menções à violência cresceram de maneira significativa nas perguntas sobre o principal problema do país e sobre a área de pior atuação do governo petista, especialmente entre os nordestinos. Além disso, a reprovação ao desempenho de Dilma na área de segurança pública subiu 11 pontos percentuais.
As crises do setor em São Paulo e no Nordeste alcançou Brasília. Vale lembrar que, na capital paulista, abalou de forma significativa a avaliação de Alckmin. Mais do que economia ou corrupção, segurança pública pode definir o desenho eleitoral de 2014.