São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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ANÁLISE

Após recuo da indústria, alta do PIB deve ficar aquém de 3%

FERNANDO SAMPAIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Sobretudo devido às informações já conhecidas sobre o setor automobilístico, era generalizada a avaliação de que o IBGE apuraria uma queda da produção da indústria de agosto para setembro.
Mas o recuo de 1,2% estimado, em média, por bancos e consultorias se revelou bem mais ameno do que o tombo de 2% divulgado ontem.
Além de pronunciada, essa retração não pode ser atribuída a segmentos específicos. Em 16 dos 27 ramos da indústria a produção foi igual ou menor do que em agosto. Quando se classificam as manufaturas segundo seu uso, também se constata um enfraquecimento generalizado. Apenas bens intermediários mantiveram produção estável: a de bens de consumo duráveis (como automóveis) teve queda de 9%, a de bens de capital, de 5,5%; e a de semi e não duráveis, de 1,3%.
Depois de sabermos que a produção da indústria caiu 0,8% do 2º trimestre para o 3º trimestre, o que esperar nos meses finais do ano? Uma recuperação firme parece improvável. Tanto a FGV como a CNI apuraram que em outubro a confiança do empresariado industrial seguiu em queda, e chegou aos menores níveis desde 2009. Falta confiança e sobram estoques: as (poucas) informações disponíveis sinalizam que, assim como no começo do 3º trimestre, ao iniciar-se o 4º trimestre parcela importante das empresas avaliava estar com estoques excessivos.
É nítido que as graves incertezas sobre a Europa e os EUA prejudicaram a atividade industrial no Brasil no 3º trimestre, e devem continuar a minar a confiança por alguns meses. Outro fator que minou o dinamismo da indústria -o aperto da política monetária- já está sendo revertido. Mas a redução da taxa Selic não deverá ser suficiente para dissolver, a curto prazo, o clima de cautela.
A estimativa média do mercado, segundo o Banco Central, ainda aponta um crescimento de 0,7% do PIB brasileiro do 2º trimestre para o 3º trimestre, e uma alta de 3,3% no fechamento de 2011. Nossos números são menos otimistas: virtual estagnação no 3º trimestre e expansão de no máximo 3% no ano.

FERNANDO SAMPAIO, economista, é sócio-diretor da LCA Consultores.


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