São Paulo, terça-feira, 04 de outubro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
JANIO DE FREITAS O método
Nos moldes da comissão da Câmara que há duas semanas aprovou 118 projetos, com a presença apenas de um deputado-votante e outro na presidência, as aprovações na quinta-feira com o plenário quase absolutamente vazio levaram a presidente da sessão a um comentário à Folha: "Vou ser sincera. Não é só o modelo de quinta que está errado, mas o de quarta, o de terça, o de segunda". Rose de Freitas (PMDB-ES) diz ainda que vai apresentar (como convém a uma Freitas, ainda que de linhagem não definida) proposta de reformulação dos métodos da Casa. Um desses "métodos" é o "modelo" de votações, frequente nas manhãs de quinta e já agora adotado em comissão, com base nas presenças assinaladas por deputados que, em seguida a fazê-lo, fogem para o aeroporto. Não se trata, porém, de "método" nem de "modelo". A declaração falsa de presença, para assegurar-se o respectivo benefício financeiro, é fraude. É ação prevista nos códigos penais. Tanto mais se sistemática. Como método, aí sem aspas, de apropriar-se de diárias indevidas pelos cofres públicos. A sessão em que o deputado Luiz Couto, frade de formação, foi o único a confirmar presença e votar e os 118 projetos, teve a possibilidade de sua anulação comentada com firmeza pelo presidente da Câmara, Marco Maia, naturalmente do PT: "Se fosse anular, teria que anular também uma porção de votações para trás. E não foi ilegal". Não consta que a legislação e o direito brasileiro convalidem fraude, seja de que tipo for. Neste ano, a ausência na segunda, em quase toda a terça, parte da quinta e toda a sexta foi aumentada com a ausência também no que sobrava da quinta-feira dos deputados na Câmara. Conquista que não veio ao acaso, por iniciativas individuais, algumas hoje, outras em semana adiante. Nenhuma reformulação que altere esse "método" ou "modelo" será aprovada. O ambiente está sob domínio da fraude. Corrijo: de fraudes. O BLOQUEIO O bloqueio, pelo Congresso americano, dos US$ 200 milhões de ajuda aos palestinos para alimentação, saúde e administração, expõe mais do que a alegada represália ao pedido de um Estado da Palestina apresentado à ONU, contra a vontade de Israel e dos Estados Unidos. É um ato de desumanidade. Mesmo em Israel, há críticas fortes ao bloqueio. Nos Estados Unidos, Bill Clinton foi de franqueza raríssima, por lá, quando atinge o "lobby" israelense e sua poderosa influência sobre decisões congressistas americanas: "Todo mundo sabe que o Congresso americano é o Parlamento mais pró-Israel do mundo. Os congressistas não precisam provar isso". Considerada também a carente inteligência da decisão, até o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, é crítico, lembrando a inconveniência do bloqueio à segurança de Israel. Quando empossou, mesmo sem eleger, George W. Bush, os Estados Unidos talvez tenham decidido expor mais de si mesmos do que o mundo, apesar de tudo, poderia esperar. Texto Anterior: Análise/Caso Palocci: Queda de ministro mudou perfil do comando do governo Dilma Próximo Texto: Congressistas defendem projeto do governo que limitará supersalários Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |