São Paulo, quinta-feira, 13 de outubro de 2011

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Entidades privadas levam 17% das verbas de emendas em SP

Deputados destinam recursos para associações que não fazem licitações

Santas Casas e demais entidades de saúde recebem a maior parte dos R$ 8 milhões que governo de SP libera

RODRIGO VIZEU

DE SÃO PAULO

Um total de 17% dos recursos públicos liberados neste ano pelo governo de São Paulo por meio de emendas de deputados estaduais foram para entidades privadas que não precisam fazer licitação.
Dos R$ 46 milhões liberados, R$ 8 milhões foram para Santas Casas de Misericórdia, associações hospitalares e outras entidades voltadas para a saúde, assistência social, cultura e turismo.
A saúde levou o grosso da verba. Só as Santas Casas ganharam pelo menos R$ 5 milhões do bolo das emendas. Foram as que mais receberam, depois de prefeituras.
Na última terça-feira, a Folha revelou que uma emenda da ex-deputada Patrícia Lima (PR) bancou a compra de equipamentos superfaturados em um hospital de Registro. Ela disse desconhecer as irregularidades.
A aquisição foi feita sem licitação, o que é permitido para os órgãos privados.
A indicação de verbas para entidades desse tipo não é o único caso em que os deputados optam por mandar dinheiro para onde as as regras de escolha de quem vai prestar o serviço ou fazer a obra são mais frouxas.
A Folha mostrou no último dia 8 que 55% do dinheiro liberado após indicação de deputados foi para obras de até R$ 150 mil, teto que permite a forma mais simples de licitação, o convite de pelo menos três empresas.
O deputado Roque Barbiere (PTB), que denunciou um esquema de venda de emenda na Assembleia paulista, já sinalizou que esse modelo de compras facilita fraudes.
No caso das entidades privadas, o processo costuma ser ainda mais simples: cotação de preços no mercado.
O diretor da Santa Casa de Mauá Harry Horst explicou que as organizações são livres para escolher fornecedor como quiserem por não estarem sujeitas à Lei das Licitações. "É um pouco mais flexível."
Além do controle menos rígido, o investimento rende dividendos eleitorais.
As Santas Casas e demais associações hospitalares respondem por 50% das internações realizadas pelo SUS no Estado. Há cidades em que só elas atendem à população.
"A Santa Casa não consegue tocar sem essa verba. A gente precisa ter emenda de deputado", disse Héber Martins, da Santa Casa de Osvaldo Cruz, no oeste paulista.
A Secretaria de Saúde disse que as entidades se submetem a "critérios rigorosos para autorização de recursos". O principal é obrigação de prestar contas, sob pena de deixar de receber. Também é exigida devolução em caso de superfaturamento.


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