São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011 |
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Inflação alta reduz competitividade da indústria brasileira Preços sobem no Brasil mais do que em outros países, aumentando os custos de produção para as empresas Câmbio valorizado e inflação alta estimulam indústrias nacionais a buscar importados e substituir fornecedores ÉRICA FRAGA DE SÃO PAULO A inflação está corroendo a competitividade da indústria do Brasil, elevando custos de produção e levando muitas empresas a buscar novos fornecedores de matérias-primas e máquinas lá fora. O IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) brasileiro tem subido com maior intensidade do que a inflação média das nações com as quais o país comercializa bens e serviços. Passou de 4,5% para 7,2% nos 12 meses encerrados em agosto, enquanto a inflação nos parceiros comerciais do país saiu de 2,9% para 4,3%, segundo estudo do Banco Credit Suisse. Inflação mais alta somada à apreciação do real nos últimos anos tem contribuído para encarecer os bens produzidos no país e estimulado o aumento das importações. Produtos, como peças e equipamentos, trazidos do exterior ficaram mais baratos e já representam fatia recorde de 27,4% no segundo trimestre deste ano de tudo o que é consumido pela indústria brasileira, segundo o Credit Suisse. No fim de 2003, a fatia era de 14,5%. O cálculo considera a variação das quantidades de bens produzidos localmente, importados e exportados pelo setor industrial doméstico (a preços constantes de 2003). A tendência de alta de preços mais acentuada no Brasil começou após a crise de 2008, diz Nilson Teixeira, economista-chefe do banco. Entre meados de 2006 e de 2008, a inflação esteve próxima à registrada no exterior. "A inflação mais elevada aqui tem ajudado a reduzir a competitividade da indústria doméstica", afirma Teixeira. Segundo ele, o impacto da alta dos preços de commodities na inflação em anos recentes foi sentido em vários mercados. Mas a tendência de reajustar preços com base na inflação passada ainda é muito forte no Brasil. "Isso ajuda a explicar por que a inflação aqui tem sido relativamente mais alta", diz. Para o economista David Kupfer, da UFRJ, o impacto da inflação na competitividade da indústria seria menor caso tivesse sido acompanhado pela desvalorização do real. Estudo do Grupo de Indústria e Competitividade da UFRJ, coordenado por Kupfer, mostra que, de 2001 a 2008, os preços dos bens de capital feitos no Brasil se tornaram 35% mais caros quando convertidos em dólar, devido à valorização do real. No mesmo período, a produtividade do setor de bens de capital conseguiu acompanhar o aumento dos salários, que atingiu 20%. Mas, segundo Kupfer, isso foi possível graças à importação de equipamentos e peças. "A substituição de componentes nacionais por importados foi o caminho de sobrevivência do setor", afirma. O economista Júlio Gomes de Almeida do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento da Indústria), diz que a importação de componentes tem sido um caminho natural para setores que sofrem os efeitos do câmbio valorizado e da inflação alta. Mas afirma que essa não é uma solução de longo prazo: "Não se pode contar com o câmbio porque é uma variável cujo valor pode mudar da noite para o dia", diz. Segundo ele, a desvalorização do real, se mantida, ajudará a indústria a recuperar competitividade. Mas diz que o ideal seriam medidas de efeito duradouro: "Investimento em educação, redução da carga tributária e medidas para reduzir indexação de preços na economia são fundamentais". Texto Anterior: Janio de Freitas: A morte desconhecida Próximo Texto: Folha inicia amanhã 11ª turma de curso de jornalismo gráfico Índice | Comunicar Erros |
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