São Paulo, domingo, 25 de setembro de 2011 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
Impacto da valorização do dólar nos preços e na indústria é incerto Pressão sobre inflação dependerá de a moeda seguir em alta e de a crise não se agravar muito Se a divisa americana se estabilizar na faixa de R$ 1,80, será um alívio para o setor industrial, afirma consultor ÉRICA FRAGA MARIANA SCHREIBER DE SÃO PAULO A recente desvalorização do real representa risco para a inflação. O cenário atual é agravado pelo fato de que os preços das commodities caíram, mas seguem em patamar elevado e o consumo doméstico continua forte. Mas economistas ressaltam que o repasse da desvalorização do real para os preços dependerá da tendência do câmbio nas próximas semanas. Se o dólar recuar de forma significativa do atual patamar de R$ 1,83, o risco inflacionário cai. Além disso, afirmam, se a crise lá fora se agravar, as commodities tendem a cair com mais intensidade, o que pode até diminuir a inflação. O difícil, dizem economistas, é fazer previsões num cenário de crise externa. Mas alguns analistas já elevaram, nos últimos dias, as projeções para inflação em 2011 e 2012. "No passado recente, o impacto na inflação de um real mais fraco foi compensado pela queda nos preços das commodities [em dólar]. Mas não tem sido o caso agora", diz Robert Wood, analista de Brasil da consultoria Economist Intelligence Unit (EIU). "Com a demanda privada ainda bem forte, os importadores vão tentar repassar o aumento de custos para os consumidores", completa. Desde agosto, os preços das commodities em dólar caíram em média 7%. Já em reais, aumentaram 14%. A EIU acaba de revisar sua projeção para a inflação de 6,1% e 5% em 2011 e 2012, respectivamente, para 6,5% e 5,5%. A meta de inflação do governo para este ano e o próximo é de 4,5%, com tolerância até o teto de 6,5%. Há economistas que veem risco de a inflação ultrapassar o teto da meta em 2011. "É bastante provável que o teto seja estourado neste ano", diz Sérgio Vale, economista da MB Associados. O Banco Central tem dito que o impacto da queda do real sobre a inflação é menor do que no passado. O economista Darwin Dib, do Itaú Unibanco, concorda. Segundo ele, o efeito inflacionário era maior no passado porque normalmente a queda no valor da moeda brasileira estava associada a problemas domésticos. "Isso mudou porque, desde 2005, desvalorizações do real têm sido acompanhadas por queda de commodities", disse Dib. Para ele, a tendência é o real voltar a subir. A expectativa do Itaú é que o dólar encerre o ano a R$ 1,73. IMPORTAÇÕES Já o sócio da RC Consultores Fabio Silveira considera que hoje o impacto da valorização do dólar sobre a inflação é até maior do que antes, pois a economia brasileira ficou mais aberta a importações nos últimos 20 anos. Além disso, diz, a demanda doméstica segue forte, facilitando o repasse de preços. "Haverá impacto na inflação se o dólar continuar valorizado e o cenário externo não se agravar a ponto de derrubar as commodities", diz. Também é difícil prever se a alta recente do dólar vai beneficiar a indústria. Vai depender do patamar em que a moeda se estabilizar, diz Júlio Gomes de Almeida, do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial: "Se ficar em R$ 1,80, já é um alívio para o setor". Texto Anterior: Folha.com/Folhaleaks: Folhaleaks recebe 700 mensagens em 6 dias Próximo Texto: Frase Índice | Comunicar Erros |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |