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Seca gera colapso em cidades da região
Estiagem e alta no consumo de água secam nascentes, reduzem os níveis de poços e fazem prefeituras racionarem
Pelo menos 22 cidades registram problemas com o fornecimento de água neste ano; quatro delas já racionam
Tempo seco, falta de chuva e alta no consumo de água, por causa do clima, geraram um colapso no abastecimento de água em municípios da região de Ribeirão Preto.
Desde o início do ano, choveu 50% menos que a média histórica do período, de acordo com dados da Defesa Civil do Estado.
A estiagem está causando problemas em ao menos 22 municípios, que vão desde a seca de nascente, como em Jardinópolis, e poços, como em Severínia, até o racionamento no fornecimento, nos casos de locais como Santa Rita do Passa Quatro, Dobrada, Batatais e Viradouro.
Considerada a pior estiagem já enfrentada pelo município, Jardinópolis viu secar duas nascentes de água.
"É a primeira vez em 76 anos, desde quando começaram a ser usadas, que isso acontece", afirmou Aparecido Donizete de Sousa, diretor do setor de água e esgoto.
Em algumas cidades, a população está usando água em excesso para lavar casas e calçadas, em decorrência de poeira acumulada, comprometendo a distribuição.
Em Serrana há desabastecimentos esporádicos em horários de pico de consumo. "É muita gente lavando a calçada, tirando poeira", disse o diretor do departamento de água, João Paulo Scodonho.
Já em Bebedouro, o nível do reservatório recuou 10 centímetros em menos de uma semana e o abastecimento é prejudicado em bairros da zona norte.
Paulo Finotti, vice-presidente do comitê da bacia hidrográfica do rio Pardo, disse que o momento atual é emergencial.
Além da seca inesperada de janeiro e fevereiro, a estiagem é característica do inverno e, com isso, somam-se os problemas relacionados à poeira e ao consequente aumento do consumo de água.
Pesquisador do laboratório de estudos de bacias da Unesp, Didier Gastmans afirmou que uma das consequências da estiagem é a redução da qualidade das águas dos mananciais.
Segundo o diretor regional do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica), Carlos Alencastre, a tendência é que, com o nível baixo, os reservatórios comecem a acumular lodo e impurezas.
Para os especialistas, estas consequências exigem que os municípios passem a investir mais em saneamento e aprimorem o tratamento de água.
Para eles, porém, a curto prazo a única medida que pode ser adotada pelas prefeituras em situação de emergência é o racionamento.
Há prefeituras que, no entanto, ao terem o alerta vermelho ligado, adotaram alternativas para evitar o pior.
Em Cristais Paulista, uma nova adutora está em construção e em Franca, a Sabesp (companhia de saneamento) iniciou a captação de água na vizinha Restinga.