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Gravuras de Salvador Dalí ganham exposição permanente em São Carlos
Acervo com cem obras foi doado por pecuarista no ano passado; visita será controlada
São Carlos inaugurou uma exposição permanente com cem gravuras assinadas pelo pintor surrealista espanhol Salvador Dalí (1904-89).
A prefeitura recebeu a doação do acervo em comodato em 2013 do pecuarista Lover Ibaixe, 81. Segundo a administração, as obras foram autenticadas pela Fundação Gala-Salvador Dalí. Procurada, a fundação não respondeu.
Ibaixe disse que adquiriu as peças diretamente de Gala Dalí, mulher e musa inspiradora do pintor, na década de 1960, na Espanha.
Segundo o pecuarista, ele foi apresentado ao casal durante uma viagem a Madrid.
Gala teria se interessado pela moeda que Ibaixe carregava no bolso e que usava sempre para brincar à mesa.
"Ela perguntou se eu tinha muitas e respondi 300'. Então, ela me apresentou a coleção para trocarmos", disse.
Ainda segundo Ibaixe, esta seria a "edição do autor", ou seja, a primeira tiragem da série de reproduções --não há comprovação sobre isso.
Natural de São Carlos, Ibaixe disse que quis presentear a cidade e que nunca se interessou em vendê-las. Uma das exigências feitas à prefeitura foi que as gravuras tivessem exposição permanente.
As obras retratam a "Divina Comédia", clássico da literatura do poeta renascentista Dante Alighieri, e foram feitas entre 1950 e 1960, a pedido do governo italiano, em homenagem aos 700 anos do nascimento do poeta nascido em Florença, na Itália.
Segundo o curador da exposição, Hilário Domingues Neto, a série original foi feita em aquarela e depois reproduzida --a que está em São Carlos é uma das reproduções assinadas por Dalí.
A coleção é composta por um retrato de Alighieri e 99 cenas divididas igualmente entre o inferno, o purgatório e o paraíso, assim como a divisão da obra literária.
"É uma coleção de muita importância", disse o diretor técnico do Sisem (Sistema Estadual de Museus), Davidson Kaseker, que esteve em São Carlos para avaliar as obras.
Após um período de incertezas sobre onde ficariam as gravuras, a prefeitura adquiriu e reformou um local, intitulado Espaço Cultural Acervo Antônio Ibaixe --homenagem ao pai de Lover. As visitas serão monitoradas, limitadas a 20 pessoas por vez.
JUSTIÇA
A doação do acervo à administração virou questão judicial na família Ibaixe.
O Instituto Ibaixe, comandando pelo sobrinho de Lover, João Ibaixe Júnior, pediu à Justiça a posse das obras.
Segundo Ibaixe Júnior, as obras são do instituto, não de seu tio, que as doou. O processo ainda não foi julgado em primeira instância.