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Entrevistas 'Folha Ribeirão' Emilson Roveri (PSOL)

Primeiro governo do Palocci foi importante para Ribeirão

Candidato do PSOL, partido que nasceu de racha no PT, elogia gestão de 1993-96 e critica ação de vereadores

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Candidato a prefeito de Ribeirão pelo PSOL, o engenheiro Emilson Roveri se diz "mais de esquerda" que o radical PSTU -partido que defende a estatização dos serviços públicos municipais.

Apesar de sua inclinação ideológica, Roveri afirma que vai implantar na gestão pública da cidade práticas bastante difundidas na iniciativa privada, com "um choque de gestão participativa".

Esta entrevista é a segunda da série -iniciada ontem- que a Folha faz com os candidatos a prefeito.

A seguir, leia os principais trechos da entrevista.

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Folha - Se não fosse candidato, quem dos demais concorrentes receberia seu voto?

Emilson Roveri - Se eu não fosse candidato? [Votaria] No Mauro Inácio [PSTU] porque ele é do partido mais de esquerda que tem por aí, depois do meu.

Apesar de considerar isso, o seu discurso é bem diferente.

É porque a proposta de esquerda do PSTU não avança no socialismo. É uma proposta que fecha portas. Quando você fala que a solução para tudo é a estatização, deixa de fora uma série de atores sociais que não são do Estado, mas são importantes.

Mas se as propostas do PSTU fecham portas, por que o sr. votaria no Mauro Inácio?

Eu votaria nele por protesto. Eu sei que ele, provavelmente, não ganharia com esse tipo de proposta. Seria meu voto de protesto de esquerda. Nenhum dos demais candidatos hoje tem o meu perfil. Nem o candidato do PT parece que é do PT.

O PSOL é uma dissidência do PT por supostas incompatibilidades com os petistas...

É por discordar da adoção da postura de governabilidade e de não mudar a forma tradicional de governar, por meio de barganhas políticas.

Nesse primeiro ano, como vai cumprir promessas do seu plano de governo, como por exemplo as 48 creches?

Se a atual prefeita cumprir a promessa dela de implantar creches na quantidade que está dizendo, nós vamos ter fôlego para continuar a entregar o restante.

No seu plano de governo e na televisão o sr. critica as gestões de "Nogueiras", "Gasparinis" e "Dárcys", em referência aos governos anteriores, mas nesse meio tempo houve a gestão Palocci. Por que o sr. não o critica?

Não critico por um motivo específico: o primeiro governo dele [1993-96] foi bom.

Em que sentido?

No sentido da participação, da atenção que ele deu para a cultura, educação, sistema viário e saúde. Ele fez um governo bom. Para aquele momento, foi um governo muito importante para Ribeirão e eu participei da campanha do Palocci.

Mas na segunda eleição disputada pelo Palocci, o sr. estava do lado oposto, no PPS.

Eu era candidato a vice do Dácio Campos. Não se pode dizer que aquela candidatura era de oposição ao Palocci.

Mas disputava com ele.

Disputava, mas para fortalecer o PPS em Ribeirão Preto e preparar a campanha para presidente do Ciro Gomes, que era uma candidatura de avanço na época.

E a sua campanha atual tem chance de vitória?

Eu acho que tem. Só que tenho que ter os pés no chão. Nossa primeira estratégia é chegar aos 10% [de intenções de votos]. E eu não sei se vai dar tempo.

Como pretende melhorar a qualidade da saúde, reduzir as filas e capacitar profissionais?

Primeiro, realocar parte da verba da saúde, que está na atenção especializada, para a atenção básica, diminuindo a demanda no pronto-atendimento. [Fazer] funcionar o sistema de regulação centralizada, que não funciona porque está sendo boicotado.

Boicotado por quem?

Por vereadores que furam a fila. E quando um médico vê um vereador furar a fila, ele se sente no direito de não respeitar o agendamento. O que acontece? Agenda-se tudo no primeiro horário e fica aquele monte de gente esperando pelo atendimento especializado. Os vereadores estão dando um péssimo exemplo e precisam parar de querer governar com o Executivo.

Os vereadores de Ribeirão Preto perderam a função, não conseguem aprovar uma lei, todas têm vício de origem. Resta a eles o papel de fiscalizar e eles têm que fazer. Só que para isso é preciso isenção, distanciamento do Executivo. Eles não podem fazer parte da máquina, executar e fazer as coisas acontecerem. Eles têm que fiscalizar para que as coisas aconteçam como têm de ocorrer.

Não sei se respondi a sua pergunta, mas tem uma outra questão. O médico ganha R$ 40 por hora. Esse salário não é atrativo. Ele tem que ganhar R$ 65 por hora.

Com qual objetivo os vereadores manipulam o agendamento na saúde, como o sr. diz?

Com o objetivo de se manter no poder.

Tem provas disso?

Prova material eu não tenho porque ninguém quer testemunhar a respeito disso, apesar de me falarem a respeito. Assim como a gente sabe que existe ingerência na educação, para conseguir vaga em creche.

Por que não faz uma denúncia formal?

Porque eu não tenho testemunhas, as pessoas não vão testemunhar comigo.

Mesmo sem as provas o senhor escreveu isso no plano de governo, no seu site.

Escrevi. Estou cometendo um crime? Não sei, mas seja o que Deus quiser. Se quiserem me processar, processem. Depois a gente vê o que faz.

Leia a íntegra
folha.com/no1147297

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