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Paixão pela bola pesada

Empresário que veio ao Brasil para 'escapar' do serviço militar na Itália criou time de futsal em Orlândia campeão nacional e que teve quatro jogadores convocados para a seleção brasileira

DANIELA SANTOS ENVIADA ESPECIAL A ORLÂNDIA

Cumprir dois anos de trabalho no Brasil em troca do serviço militar e, depois, voltar para a Itália. Esse era o plano de Vincenzo Antonio Spedicato, 63, aos 20 anos.

Sua estratégia não deu certo e, hoje, ele é um respeitado empresário da região de Ribeirão Preto, vice-cônsul italiano e, também, proprietário de um clube de futsal que emplacou quatro jogadores na seleção brasileira campeã mundial na semana passada na Tailândia.

Nascido em Veglie, província de Lecce, na Itália, em 10 de dezembro de 1948 -data em que foi feita a declaração universal dos direitos humanos da ONU-, Spedicato afirma ter se apaixonado pelo futsal em 1968, em uma quadra da ACM (Associação Cristã de Moços), que ainda fica até hoje na rua Rangel Pestana, quando o esporte ainda tinha outra denominação -futebol de salão ou "futebol da bola pesada".

"Ao ver esse esporte praticado no ginásio fechado, em um país tropical, onde o ano inteiro é calor, pensei que estava no lugar errado e estabeleci que levaria a modalidade para a Itália." Porém, o plano de voltar ao país de origem ficou para trás.

Em 10 de dezembro de 1977, dia e mês marcantes para o empresário, ele fundou a ADC (Associação Desportiva Classista). De lá para cá, 35 anos se passaram, e a equipe foi ganhando destaque, torcida e títulos -nove estaduais e um brasileiro, o atual.

O desempenho do time fez com que quatro de seus jogadores fossem convocados para a seleção brasileira: o goleiro Guitta, Vinícius, capitão do time, Falcão -o ícone da equipe- e Jé. Ele não revela os valores envolvidos com a manutenção do clube.

Segundo filho dos agricultores Chiara Vetere e Giuseppe Spedicato, o empresário não nega a origem italiana e a paixão pelo Milan, lá, e pelo Palmeiras, aqui -o que significa que o último domingo foi um misto de alegria, pelo título no futsal, e tristeza, com o rebaixamento do time brasileiro à segunda divisão.

"Ser esportista ou esportivo significa aceitar as glórias da vitória e as tristezas das derrotas. Por isso é jogo, onde se ganha ou se perde."

TECNOLOGIA

Casado com Márcia Prudente Correa Spedicato, 49, e pai de cinco filhos (Fiorella, 11, Lorenzo, 20, Chiara, 25, Marina, 29, e Renzo, 31), Spedicato diz que, durante a sua infância, era um amante de tecnologia, de viagens espaciais e de esportes.

Ele conta que gostava de estar com os pais e praticar atividades em família.

Nas horas livres, quando não estudava, passava o tempo com os amigos. O foco era claro, ser um industrial. Por isso, o empresário mais estudava do que saía.

Cursou engenharia elétrica na faculdade Politécnica de Bari e, ao se formar, em 1968, escolheu trocar a carreira militar obrigada pelo governo italiano pelo serviço técnico em um país em desenvolvimento.

Foi na "mãe adotiva" Brasil que achou a oportunidade que procurava para chegar ao sucesso em duas das áreas em que é apaixonado -tecnologia e futebol.

DATA CABALÍSTICA

Depois de trabalhar na empresa sueca Ericsson em São Paulo, Spedicato fundou a Intelli (Indústria de Terminais Elétricos) novamente no dia e mês de seu aniversário, em 1973, em Orlândia.

O que começou com um funcionário e uma prensa se transformou em um parque industrial com 1.200 funcionários e centenas de máquinas divididas em quatro fábricas: três em Orlândia e uma em Campinas.

Em seu escritório, uma réplica da espada do imperador romano Júlio César o aguarda. Não à toa, de acordo com ele, que afirma que, todos os dias, olha para a espada e se lembra que tem uma batalha a ser vencida. Dentro ou fora das quadras.


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