Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Barretos descaracteriza obra de Niemeyer da década de 80
Estádio do Parque do Peão ganhou camarotes sem conhecimento do arquiteto
Morto anteontem, Niemeyer disse à Folha em 2010 lamentar a mudança; região tem outras obras dele
Edson Silva/Folhapress |
Centro universitário de Ribeirão com projeto de Niemeyer |
Palco do principal rodeio do país, o estádio do Parque do Peão de Barretos, projetado nos anos 80 por Oscar Niemeyer, está descaracterizado. Outros dois projetos do arquiteto na região não saíram do papel e um está incompleto.
Em Barretos, os problemas no estádio em formato de ferradura estão nos camarotes construídos sem conhecimento de Niemeyer.
Um deles, vertical, impede a visão global da arena de quem chega pelas entradas principais. O próprio Niemeyer disse à Folha, em 2010, lamentar as alterações em sua proposta.
"Trata-se de um trabalho que realizei com muito carinho para atender a amigos. Irei apoiar toda iniciativa no sentido de resguardar as características originais da obra", disse à época.
Segundo nota da assessoria de Os Independentes -associação que organiza a festa-, não há nenhuma discussão sobre mudanças no estádio. "Ter o projeto arquitetônico inicial da arena do Parque do Peão desenvolvido por Oscar Niemeyer é motivo de orgulho", diz um dos trechos.
ESTACA ZERO
Em Brodowski, terra do artista plástico Candido Portinari (1903-62) -com o qual trabalhou na Pampulha (1940), em Belo Horizonte-, Niemeyer projetou um memorial. Um entrave é a dificuldade financeira do município.
Já em Araraquara, ele desenvolveu projeto para a Universidade de Música e Artes, lançado em 2010. Não saiu do papel porque o investimento previsto é de R$ 40 milhões.
Segundo a prefeitura, que doou uma área para a construção, tentativas para adequar o projeto a alguma lei de incentivo estão sendo feitas.
O quarto projeto do arquiteto na região é o do campus 2 do Centro Universitário Moura Lacerda, em Ribeirão. Desenvolvido nos anos 70, não foi concluído -falta, por exemplo, a praça central.
Segundo o reitor da instituição, Oscar Luiz de Moura Lacerda, o projeto é sequencial e foi implantado na medida do necessário. "Não prevemos tempo de término, mas não prevemos a interrupção do projeto", afirmou.