São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Uso de balão no estômago é liberado para menos gordos

Operação por endoscopia pode ser realizada em pessoas com sobrepeso

Ampliação da indicação segue tendência dos EUA, onde também há cerco aos remédios para emagrecer

MARIANA PASTORE
DE SÃO PAULO

No calor da discussão sobre a proibição dos inibidores de apetite derivados da anfetamina, anunciada pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) na terça-feira, a indústria farmacêutica começa a oferecer novas alternativas.
A Allergan chamou a imprensa ontem para anunciar que a vigilância ampliou o acesso ao balão gástrico. Inicialmente indicado para obesos, com IMC (Índice de Massa Corporal) acima de 30, o procedimento já pode ser feito por quem está com sobrepeso e IMC acima de 27.
O cálculo do IMC é feito dividindo o peso (quilos) pelo quadrado da altura (metros).
O balão é colocado por endoscopia e é temporário. O objetivo é aumentar a sensação de saciedade por meio do volume no estômago. "É uma opção menos invasiva e não medicamentosa para pacientes que não querem fazer redução de estômago", explica o médico José Afonso Sallet, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica.
Um estudo com 573 pacientes com sobrepeso, publicado na revista "Obesity Surgey", mostrou que, após seis meses com o balão, os pacientes perdem metade do peso excedente e têm uma uma redução de 5,3 pontos no IMC. Obesos podem perder até 12% do peso inicial, segundo o cirurgião.

TENDÊNCIA
A ampliação da indicação segue a tendência observada nos Estados Unidos.
A FDA (agência reguladora de remédios) passou a permitir, em fevereiro, que pessoas com IMC a partir de 30 e doenças causadas pela obesidade se submetam à colocação de banda gástrica, aparelho que estrangula o estômago. Antes, o IMC mínimo para realizar o procedimento era de 35.

CRÍTICAS
Segundo o endocrinologista Bruno Geloneze, da Unicamp, o balão é a pior solução para os obesos. "A obesidade, ou sobrepeso, é uma condição crônica e que sempre volta. Portanto, qualquer tratamento tem que ser contínuo, para evitar que o peso volte. O balão é um tratamento de curto prazo [seis meses], que não tem nenhuma garantia de longo prazo."
Para controlar o aumento de peso não existe milagre, lembra o médico. É preciso combinar mudança de comportamento com reeducação alimentar e atividade física e, caso necessário, tratamento médico, que pode incluir remédios, balão e cirurgia. O balão ainda não foi aprovado pela FDA. O aparelho custa R$ 3.000. O preço total do procedimento pode chegar a R$ 10 mil.


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