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Análise
O Google está tentando ir longe demais ou nos ajudará de fato?
FARHAD MANJOO DO "NEW YORK TIMES"Uma maneira de pensar sobre o Google é como um assistente muito prestativo, bem informado e hiperinteligente. Os serviços do Google já podem nos lembrar de um voo, abrir o cartão de embarque quando chegamos ao aeroporto e oferecer instruções sobre como chegar ao hotel.
Se aquilo mostrado na semana passada for uma visão real do futuro, o software do Google em breve participará ainda mais da nossa vida, instalado em todo tipo de aparelho que tenhamos.
É uma pauta ambiciosa --e esse pode ser o problema da companhia. Ela depende de as pessoas fornecerem todo o tipo de dado sobre elas, o que pode se tornar sinistro em lugar de útil --assim como um assistente sabichão.
O Android e o Chrome, o sistema operacional móvel e o navegador da empresa, foram descritos como uma espécie de cola que unirá todos os aparelhos. "Acredito que os veremos em algo que oferecerá uma experiência excelente de relógios a televisores, passando pelo laptop, tablet e celular", diz Larry Page, fundador do Google.
Hoje, a empresa se tornou a face da intrusão da tecnologia em nossas vidas sociais.
O Glass, óculos dotado de acesso à internet produzido pela companhia, é um exemplo. Em resposta à decisão de um tribunal europeu afirmando o chamado "direito a ser esquecido", o Google vem recebendo um dilúvio de solicitações de usuários que querem que o serviço de busca remova os links da rede.
Muitos dos novos serviços do Google melhorarão o modo pelo qual os computadores trabalham ao combinar dados pessoais e informações recolhidas por sensores para criar o que a empresa designa como experiências "cientes do contexto".
Exemplo? Apanhar os filhos na escola e permitir que o carro reconheça que eles entraram no automóvel e, assim, mudar a música. Mas não há dúvida de que isso viria acompanhado por uma perda de privacidade.