Índice geral Turismo
Turismo
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Atípico, local serviria para velar restos de Dante

Visitas guiadas procuram desvelar os segredos de um insólito edifício

Prédio faz referência à 'Divina Comédia' em vários aspectos: térreo e porão, por exemplo, representam o inferno

DO ENVIADO A BUENOS AIRES

Hoje, o edifício no número 1.370 da avenida de Mayo passa despercebido em meio a tantos outros arranha-céus. O palácio Barolo, no entanto, foi uma das construções mais ambiciosas de seu tempo.

Concluído em 1923, chegou a ser o mais alto da América Latina. Seu objetivo final, porém, era ainda mais nobre: servir de abrigo para os restos mortais de ninguém menos do que o escritor Dante Alighieri (c.1265-1321).

Hoje funciona como qualquer outro prédio de escritórios, e o visitante pode entender melhor suas aspirações e segredos em visitas guiadas (50 pesos; R$ 22).

Sua construção foi um projeto de vida do empresário italiano Luis Barolo, instalado na Argentina, que tomou para si a tarefa de guardar as cinzas do célebre autor florentino, por receio de que futuros combates, mais intensos do que a Primeira Guerra (1914-1918), pudessem levar o patrimônio cultural europeu à destruição.

O prédio, então, foi desenhado pelo arquiteto Mario Palanti, assim como Barolo, estudioso da "Divina Comédia". Referências à obra se espalham pelos cantos. Os cem metros de altura do palácio correspondem aos cem cantos do poema. Térreo e porão representam o inferno (como se nota pelas gárgulas no estatuário do rol de entrada).

Já os 14 primeiros andares, que formam a base da torre, dão forma ao purgatório.

O estilo eclético pode ser notado desde a fachada. A torre, no 22º andar, toma emprestada a arquitetura indiana, da região de Budanishar, e simboliza a união "tântrica" entre Dante e Beatriz.

A cúpula foi projetada com funções práticas: um farol foi instalado, potente o suficiente para ser visto do Uruguai. Um outro edifício de Palanti, o palácio Salvio, de estilo e altura semelhante, localizado em Montevidéu, teria um outro farol -que jamais chegou a funcionar. Juntos, eles serviriam como indicadores da foz do rio da Prata.

É claro que o palácio nunca exerceu seu propósito último. Mesmo um primeiro mausoléu encomendado para Dante na Europa desapareceu com o navio que o levava à Argentina. Hoje, há uma réplica deste no centro do hall de entrada.

Além dessas peças e da história, o visitante também pode conferir uma inusitada vista de Buenos Aires a partir do alto -especialmente do Congresso e da avenida de Mayo.

As visitas guiadas acontecem às segundas e quintas, das 16h às 19h, de hora em hora. Há visitas com jantar incluído (95 pesos; R$ 41) às segundas, às 20h30, e às quartas e sextas, às 20h.

O site oficial do passeio é www.palaciobarolotours.com.ar.

(DANIEL MÉDICI)

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.