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MARROCOS
País inspira arte, revela suas cores e transpira tradições
Roteiro percorre as vilas imperiais -Marrakech, Fez, Rabat e Meknes- e passa por Casablanca
LETÍCIA FONSECA-SOURANDER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MARROCOS
"O Oriente me trouxe a revelação das cores", confessou certa vez Henri Matisse (1869-1954). Nas viagens que fez a
Marrocos, o pintor francês
rompeu com o fauvismo e redefiniu seu estilo. Ele não foi o
único. Desde sempre Marrocos
tem sido fonte de inspiração
para artistas, escritores e reis.
Sim, há séculos esse reino exótico tem vivido dias de glória e
decadência nas mãos de grandes dinastias.
Embarcar em uma viagem
pelas cidades imperiais -Marrakech, Fez, Rabat e Meknes-
é mergulhar na essência do
país. Repletas de histórias e legendas, elas formam um roteiro encantado, como os contos
de "As Mil e Uma Noites". Antes, porém, dos reis marroquinos, a região foi povoada por fenícios, romanos e bizantinos.
As primeiras cidades imperiais no Islã começaram a surgir no século 8º. Em Marrocos,
a intelectual Fez foi a precursora. Fundada pela dinastia Idrísida, a Atenas da África, como
era conhecida, abrigou a primeira das grandes universidades, antes mesmo de Sorbonne
(França) e Oxford (Inglaterra).
Séculos depois, sob a dinastia
dos Almoravidas, foi a vez de
Marrakech. Devido a sua localização estratégica -entre o
Atlântico e as dunas do Saara-
Marrakech conseguiu manter o
status de capital imperial por
vários períodos. Em seguida, os
Almôadas decidiram apagar os
vestígios de seus antecessores
para reerguer novos templos de
riqueza e de fé.
Rabat, a atual capital, que já
foi república de corsários, esteve nas mãos dos Merinides e
dos Chérifiens. E, por fim,
Meknes é a cidade adorada do
sultão Moulay Ismail, o fundador dos Aluítas -dinastia até
hoje no poder.
O poderoso sultão ordenou a
destruição de palácios em Fez e
Marrakech para que Meknes
recebesse o título de mais bela
entre as cidades.
Onda de transições
Além de oferecer um circuito
cultural riquíssimo -com inúmeros monumentos tombados
pela Unesco-, as cidades imperiais revelam o novo Marrocos
de Mohammed 6º, o rei que
surfa e que tem feito enormes
mudanças no país.
A mistura de tradição e modernidade fascina. Mas, apesar
de abertos às influências européias, os marroquinos se orgulham de suas raízes africanas.
E é justamente nesse mosaico colorido de aromas e sabores, de homens e mulheres com
djellabas (aquelas longas túnicas) e babouches (sapatos típicos que são abertos atrás, com
bico fino), e no chamado para a
oração que vem do alto dos minaretes das mesquitas, que encontramos a alma marroquina.
Esse povo hospitaleiro e alegre -uma mistura bem dosada
de tradições berberes, árabes e
andaluzas- é um excelente anfitrião. Durante quase 60 anos,
Marrocos foi dominado pelos
franceses, e, por isso, é possível
conversar com a maioria dos
marroquinos em francês.
O período ideal para conhecer o país é entre os meses de
setembro e maio.
Tente, porém, evitar o período do Ramadã- o nono mês do
calendário islâmico. Boa viagem. Inshalá (se Deus quiser)!
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