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MARROCOS
Majestosa, Meknes é "Versailles marroquina"
Lenda conta que sultão destruiu palácios de outras cidades para que sua preferida fosse a mais bela
Jacques Bravo/France Presse
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A porta Bab Mansour-el-Aleuj separa Meknes de sua medina, porção histórica da cidade, e é considerada uma das mais bonitas do país
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM MARROCOS
É possível ver as muralhas
triplas de Meknes bem antes de
entrar na cidade. Majestosa e
menos visitada que suas irmãs
imperiais, Meknes é conhecida
como a Versailles marroquina.
Porém, nessa versão africana, o final da história é bastante
diferente. O Roi Soleil não foi
guilhotinado e até hoje é cultuado como o rei eterno de
Meknes. Durante todo o seu
reinado (1672-1727), o sultão
Moulay Ismail nunca poupou
esforços para transformar a cidade que havia escolhido para
ser a capital de seu império.
Reza a lenda que, em um de
seus caprichos insanos, Moulay
Ismail ordenou que todos os
palácios de Fez e Marrakech
fossem destruídos, para que
sua querida Meknes recebesse
o título de mais bela.
Hoje, Meknes é dividida em
cidade imperial, medina e cidade nova. E é nessa mesma ordem que o turista deve descobrir os seus segredos.
Na cidade imperial, que ocupa uma área quatro vezes maior
do que a medina, não deixe de
visitar o que sobrou das obras
monumentais de Moulay Ismail. Comece pelas ruínas do
celeiro de grãos Héri-es-Souani, pelos poços Dar El-Mar
-que abasteciam de água a cidade- e pelos estábulos reais,
que têm capacidade para abrigar 10 mil cavalos.
Em seguida, dirija-se ao
imenso reservatório de Agdal.
Ele foi construído basicamente
para alimentar os hammams
(banhos mouros), regar os jardins reais e divertir as favoritas
do harém do sultão, que tinha
500 mulheres à sua disposição.
Através da Bab er-Rouah,
uma das nove portas de Meknes, é possível chegar à mesquita Lalla Aouda. O primeiro
grande santuário construído
pelo sultão está ainda intacto,
mas a entrada é reservada apenas aos muçulmanos.
Já o santuário instalado no
mausoléu de Moulay Ismail
permite a visita de não-muçulmanos. Aproveite para admirar
o magnífico teto de cedro pintado com escrituras corânicas.
As ornamentações do minarete levam as cores das quatro
cidades imperiais: o azul de
Fez, o verde de Meknes, o amarelo de Marrakech e o branco
de Rabat. E finalmente, visite o
pátio com sua fonte.
O acesso ao mausoléu -onde
ficam os túmulos imperiais- é
proibido aos turistas. Mas, durante o dia, é possível ver mulheres muçulmanas rezando
perto das cinzas do eterno rei
de Meknes.
Não deixe a cidade imperial
sem conhecer a Bab Mansour-el-Aleuj, considerada uma das
portas mais bonitas do país. Essa suntuosa porta marroquina
separa a medina do resto de
Meknes.
Na cidade velha os principais
pontos turísticos são: a madrassa Bou Inania, o museu Dar
Jamaï -que funciona em um
palácio magnífico construído
no século 19- e um dos mais
animados mercados cobertos
de Marrocos.
Apesar de viver hoje na sombra de Fez, Meknes sempre
atraiu almas sensíveis. O pintor
francês Eugène Delacroix, que
foi apaixonado por Marrocos,
fez uma belíssima série de gravuras sobre a cidade.
E não foram poucos os poetas e escritores que se inspiraram nessa antiga capital imperial. Se houver tempo e vontade, siga até as famosas ruínas
romanas de Volubilis. Juntas,
elas formam o sítio arqueológico do Império Romano mais
importante da África.
(LETÍCIA FONSECA-SOURANDER)
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