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VERDADES E MENTIRAS
Passado atômico é tema de museu de memorabilia
Testes com bombas nos arredores da cidade legaram imagens como miss bombástica e postal explosivo
DO ENVIADO ESPECIAL A LAS VEGAS
Imagine cogumelos resultantes de explosões atômicas,
atrás dos hotéis de Freemont
Street, em forma de cartões-postais dos anos 1950. Isso e
mais uma miss metida em maiô
bombástico e sorvendo drinques com nomes nucleares.
Imagens assim compõem a
memorabilia de Las Vegas -e
estão expostas no Atomic Testing Museum (atomictestingmuseum.org), museu aberto
em 1998 no prédio da Nevada
Test Site Historical Foundation (www.ntshf.org), órgão
responsável pelos testes de
bombas atômicas no deserto de
Mojave a partir de 1951.
Fundado "para preservar a
história exata dos locais de testes atômicos em Nevada", esse
museu conserva, na verdade, a
memória de uma era trágica,
iniciada com as explosões nucleares em Hiroshima e Nagasaki, no fim da Segunda Guerra
Mundial (1939-1945). E o curioso é que os testes ocorriam
perto do local, nos limites entre
Las Vegas e o deserto.
"Boom"
Nesse museu, artefatos, gravações, fotos, painéis digitais e
filmes de época mostram como,
no período da Guerra Fria, nos
arredores de Las Vegas, o então
presidente Harry Truman designou legalmente a região como "área crítica de defesa".
O local virou então sede dos
testes nucleares para fins bélicos -e o Atomic Testing Museum mostra como a humanidade parecia ter pouca consciência dos efeitos ultranocivos
da radiação. Num dos nove ambientes, o auditório em forma
de bunker mostra o frenesi causado pelas explosões entre 1952
e 1962, quando cem bombas
atômicas foram detonadas. Depois disso, um tratado entre os
EUA e a extinta União Soviética
obrigou a realização dos testes
no subsolo -e, aí, estimam-se
em 900 as explosões realizadas
ali entre 1962 e 1992.
O curioso é que o "boom" de
Las Vegas coincide com essa
época de experimentações nucleares: em 1950, a cidade tinha
24.624 habitantes; dez anos depois, em 1960, a população era
de 64.405 pessoas.
Ciência, política, horror e esperança, brinquedos e equipamentos para medir a radiação,
imagens de cientistas, receitas
de drinques "atômicos", exemplares de quadrinhos do Super-Homem e até um filme da Disney intitulado "Nosso Amigo o
Átomo" integram o acervo desse museu. Idem uma carta de
Albert Einstein escrita durante
a Segunda Guerra, mostrando
que, apesar de o cientista, um
dos pais da bomba atômica, ter
passado para a história como
um pacifista, ele exortou o então presidente Franklin D.
Roosevelt a investir na produção do artefato, afirmando que
a Alemanha nazista avançava
nessa direção. Noutro documento, um médico nipônico
conta, em inglês, a degeneração
física de sobreviventes das explosões em Hiroshima e Nagasaki.
(SILVIO CIOFFI)
ATOMIC TESTING MUSEUM
East Flamingo Road, 755; entrada:
US$ 12 (R$ 19). De segunda a sábado das 9h às 17h e, aos domingos,
das 13h às 17h
atomictestingmuseum.org
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