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A BOLA DA VEZ
Atrasos nas obras não devem comprometer o Mundial de 2010; ingressos só serão vendidos em 2009
País corre atrás de fazer Copa emblemática
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
A pergunta mais freqüente
para quem volta da África do
Sul atualmente é: eles vão conseguir fazer a Copa do Mundo
de 2010? A menos que alguma
catástrofe ocorra, eles vão.
A ameaça da Fifa, que controla o futebol mundial, de levar o torneio para outro país
por causa dos atrasos nas obras,
não será levada a cabo. Seria
um fracasso para a entidade.
E o governo sul-africano
abriu os cofres para acelerar os
trabalhos. Transformou as nove cidades que receberão os jogos em canteiro de obras, principalmente para construir ou
reformar estádios e aeroportos.
Prioridades, como o combate
à pobreza, estão agora em segundo plano. Dinheiro de outros governos também já está
empenhado -caso da Noruega,
que bancará programa para minimizar a emissão de carbono.
O cenário é bem parecido
com aquele no Rio de Janeiro
antes do Pan-07. O orçamento
estourou, o governo investe
mais dinheiro, mas o atraso
preocupa. O prazo para entrega
das obras é outubro de 2009.
Pelo menos dois estádios
precisam estar prontos em dezembro de 2008, pois serão
usados na Copa das Confederações, um evento-teste. Se tudo
der certo, o resultado será um
lote de dez estádios confortáveis e modernos. Cinco novos e
cinco reformados. Alguns projetos impressionam pela beleza
arquitetônica e localização. Como a arena da Cidade do Cabo,
erguida num vale diante da imponente montanha do Leão.
Custará R$ 1,3 bilhão e é a mais
atrasada porque os moradores
eram contra a construção.
Quem já foi a uma Copa na
Europa e desembarcar na África do Sul sentirá falta do metrô.
Desde já os organizadores fazem campanha para estimular
caminhadas de quatro quilômetros até os locais dos jogos.
Os torcedores conviverão
com nativos que dão de ombros
para o futebol. A maioria, principalmente os brancos, é fanática pelo rúgbi. Tanto que os governantes não sabem o que será
dos estádios, construídos com
dinheiro público. Serão maiores do que o futebol do país.
Em Durban, já bateu o desespero no governo, que não consegue vender a arena para os
Sharks, time de rúgbi dono de
um belo estádio colado ao novo.
Idéias para não deixar ocioso
o novo estádio, que deve consumir R$ 600 milhões, são mirabolantes: construir um bondinho rumo à cobertura ou instalar ali um bungee jump?
Entre a minoria que gosta de
futebol, existe curiosidade sobre os brasileiros. Querem entender como desapareceu o futebol de Ronaldinho, abandonado pelo Barcelona.
E perguntam se o brasileiro
Joel Santana, substituto de
Carlos Alberto Parreira como
treinador da seleção sul-africana, será capaz de levar o time
para a segunda fase do torneio.
Os anfitriões são os únicos classificados automaticamente.
Há quem se lembre de antigos ídolos -um vigia das obras
na Cidade do Cabo quer saber
"onde anda o doutor Sócrates",
corintiano da seleção que disputou a Copa da Espanha, em
1982. Tudo indica que o Brasil
terá o apoio dos locais. Só falta
o time de Dunga obter a vaga.
O jornalista RICARDO PERRONE viajou a convite da South African Tourism e da South African
Airways (SAA).
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