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internacional
Animais idosos levam desafios a zoológicos nos EUA
ARTRITE, CATARATA Com o aumento da expectativa de vida, os bichos têm doenças novas e criam dilemas inéditos
DA ASSOCIATED PRESS
Os zoológicos norte-americanos estão se deparando com
problemas inéditos relativos à
saúde dos animais devido ao
avanço da idade. Com a melhora no atendimento veterinário,
bichos idosos levantam questões novas, como "gorilas fêmeas que atingem os 40 ou 50
anos sofrem de menopausa?"
ou "como tomar a difícil decisão entre prolongar a dor ou interromper a vida quando o paciente é uma pantera?"
"Quantos anos um animal
realmente vive?", pergunta
Sharon Dewar, porta-voz do
zoológico do Lincoln Park
(www.lpzoo.org), onde mora
Rollie, macaco de 17 anos que
perdeu seis dos seus 32 dentes
de uma tacada só e agora só come vegetais cozidos.
Para responder a essas questões, os parques rastreiam nascimentos e mortes de populações animais na natureza e em
cativeiro. A expectativa de vida
deles só faz crescer. A idade
média de tigres siberianos em
cativeiro é, hoje, 15 anos. Até a
década de 1990, era de 11 anos.
O motivo do aumento da expectativa de vida dos animais
não é nenhum mistério. Assim
como no caso das pessoas, o
cuidado da saúde dos bichos
está muito mais sofisticado.
No zôo de San Antonio
(www.sazoo-aq.org), no Texas, funcionários notaram que
George, uma anta de 37 anos,
estava cada vez mais devagar.
As pernas do animal fraquejavam e ele encontrava problemas para levantar. O diagnóstico veio rápido: artrite.
A primeira medida foi dar suplementos vitamínicos a ele,
depois remédios. Finalmente,
o parque chamou um especialista para fazer acupuntura na
anta para aliviar as dores.
Ao mesmo tempo em que
melhoraram o atendimento à
saúde dos bichos, os zoológicos
passaram a se focar na criação
de habitats e ambientes sociais
que os tornem mais felizes e
menos estressados. O resultado são animais mais robustos,
que vivem mais tempo em zôos
e aquários. Uma exceção às regras naturais da sobrevivência.
No zôo de Minnesota
(www.mnzoo.com), um par
de golfinhos alcançou os 44 e
os 42 anos de idade. Um casal
na Flórida chegou aos 50.
"Nós sabemos, pelo estudo
dos dentes dos animais encontrados na praia, que não há
exemplares que cheguem a essa idade na natureza", diz Kevin Willis, especialista em expectativa de vida animal do
zoológico de Minnesota.
Fronzie, leão-marinho do
aquário de Nova York
(www.nyaquarium.com),
que foi uma das principais atrações dos shows do anfiteatro
do aquário, aos 21 anos, está cada vez mais cansado. Suas córneas estão turvas e, em exames
raio-X, os veterinários notaram
mudanças súbitas em sua estrutura óssea. Ele está com artrite. Faz tratamento no hospital do aquário, onde os exames
são rotina. Logo após da coletas
de sangue de Fronzie, é a vez de
Spook, uma foca cinza de 43
anos de idade, provavelmente
recordista na categoria.
A longevidade confronta os
zoológicos com dúvidas inéditas. "Uma questão simples foi:
uma gorila de 41 anos precisa
continuar usando anticoncepcionais? Ninguém sabia a resposta", diz Sue Margulis, responsável pelos primatas do
Lincoln Park.
Em uma pesquisa entre gorilas de zoológicos norte-americanos, Margulis encontrou 30
gorilas em 17 zôos no país. Desses, 22 são considerados pacientes geriátricos, incluindo
um com 55 anos de idade.
Cerca de um quarto das fêmeas estudadas já não tem
mais ciclos menstruais. Mas,
apesar de não disputarem mais
a atenção de machos grisalhos,
a maior parte delas estava em
boa saúde. Em zoológicos, gorilas idosas às vezes fazem o papel de avós nos cuidados com
os filhotes. Comportamento
exclusivo de zoológicos, que
têm, inclusive, modificado habitats para adequá-los a animais, diga-se, geriátricos.
No zoológico Arizona-Sonora Desert (www.desertmuseum.org), os ursos pretos
Spike e Missoula se mudaram
para um ambiente novo, sem
rampas e com uma piscina
morna. Vão passar o resto da
vida fora dos olhos do público,
em um tipo de aposentadoria.
O Arizona-Sonora é obrigado
a garantir a qualidade de vida
de Spike e Missoula enquanto
eles viverem, diz Craig Ivanyi,
diretor do parque. O desafio é
decidir o que fazer quando não
houver mais como garantir
qualidade de vida a eles. No
zoológico de El Paso (www.el
pasozoo.org), os funcionários
notaram que Sheba, uma pantera negra, estava adoentada.
No último outono, Sheba chegava perto dos 27 anos, com
dor e fraqueza, e deixou aos veterinários a escolha difícil. Em
novembro, foi sacrificada.
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