DA ENVIADA ESPECIAL

Quanto custa viajar no tempo? Em Santos, R$ 1 -preço do bilhete para o passeio de bonde.
São 15 minutos para percorrer menos de dois quilômetros. Mas é o suficiente para um mergulho no passado. A fila se forma na praça Mauá -ponto zero da cidade e onde começa e termina o passeio.
Em segundos, as pessoas ocupam todos os bancos de madeira do velho vagão elétrico de 1909, construído na Escócia, e do segundo veículo, o reboque, de 1870 e utilizado até a primeira década do século passado, quando os bondes ainda eram puxados por tração animal.
O passeio de bonde percorre a rua do Comércio, a estação do Valongo, as ruas José Ricardo e Tuiuti, a praça Barão do Rio Branco e as ruas Visconde do Rio Branco, Augusto Severo e Cidade de Toledo.
No caminho, a guia fala das gravações de novelas e minisséries no centro santista e conta um pouco da história de prédios importantes, que seguem de pé e são abertos à visitação.
Entre eles está o palácio José Bonifácio, de 1939 e hoje sede da prefeitura, a Bolsa do Café, de 1922, a igreja do Rosário, construída em 1822 pelos escravos e a única que permitia a presença deles, o Panteão dos Andradas, onde estão os restos mortais de José Bonifácio, as igrejas do Carmo e a antiga Casa de Correios e Telégrafos. A presença dos chamados "vovôs-sabe-tudo" -ex-motorneiros treinados pela prefeitura para prestar assistência aos turistas e contar histórias da cidade-, como divulgado pelo programa Alegra Centro, não é garantida. No último sábado, quando a reportagem da Folha fez o passeio de bonde, não havia nenhum "vovô" na praça.
Segundo os organizadores, o projeto se depara com um problema: a falta de novos ex-motorneiros para substituir aqueles que, por causa da idade avançada, não podem continuar participando da atividade.
Os bondes dominaram o transporte público de Santos por cem anos, até 1971, quando foram desativados. Hoje, são a atração mais reluzente dentro do projeto de revitalização do centro histórico. (PPR)