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Mais uma novela das 18h da Globo tem problemas de audiência; entre as possíveis razões, a concorrência acirrada no horário e até dúvidas sobre a adequação dos protagonistas, Vera Fischer e Miguel Falabella
O calcanhar-de-Aquiles
Renato Rocha Miranda/TV Globo
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Vera Fischer e Miguel Falabella, que terão mais cenas de amor a pedido do público |
CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
COM AUDIÊNCIA abaixo do índice projetado pela TV Globo, a novela
"Agora É que São Elas" ainda não decolou. Os programas policiais da concorrência e até o desenho animado "Os
Simpsons" contribuem para tirar público da trama das 18h.
"Agora É que São Elas" tem marcado
média de 26 pontos, longe do trilho da
emissora, que seria entre 30 e 35 pontos.
Autor da novela, Ricardo Linhares diz
que está se acertando. "Não estamos tendo nem menos nem mais audiência que
a anterior ["Sabor da Paixão'"."
Como a faixa das seis da tarde é decisiva na formação da audiência do restante
do horário noturno (o mais caro da TV),
a Globo decidiu apressar os trabalhos do
grupo de discussão, formado por telespectadores. Reunidos pela emissora, eles
analisam e dão suas opiniões sobre personagens e enredo da novela.
Com base nos relatos das pessoas selecionadas, a primeira providência da
emissora deve ser a gravação de cenas de
beijos tórridos entre os personagens de
Miguel Falabella (Juca Tigre) e Vera Fischer (Antônia). Parece que o público
quer testar a química entre os dois e ver
se o par realmente convence.
"As mulheres do grupo [de discussão"
pediram que os dois acertem o erro do
passado e vivam aquele amor juvenil.
Daqui a duas semanas, eles vão se reaproximar", promete.
Coordenadora do Núcleo de Pesquisas
de Telenovelas da USP, Maria Lourdes
Motter especula sobre a origem da baixa
audiência: "O horário tem características que não vêm sendo respeitadas. Antes, às
18h, passava novela de época ou adaptação literária, romance. Às 19h, comédia.
E, às 20h, o drama. Começou a entrar
qualquer coisa em qualquer horário".
A professora acredita que, se nada for
feito, a novela das seis está condenada à
extinção. "Vai dar lugar a experimentações, a novos caminhos", prevê.
Ana Maria Moretzsohn, autora de "Sabor da Paixão", não descarta essa possibilidade. "Do jeito que a coisa anda, tudo
é possível. Sempre reprisaram o último
capítulo das novelas aos sábados. Desta
vez, não foi ao ar por causa do futebol.
Quero fazer novela das sete, que sofre
menos pressão", diz ela.
Emanoel Jacobina, autor de "Coração
de Estudante", acha que há exagero nessa previsão. Ele enfrentou cobranças no
início de sua novela, que chegou a dar
menos audiência que "Malhação".
Disputa Doutora em dramaturgia
pela ECA-USP, Renata Pallottini diz que
a concorrência está atrapalhando o desempenho das novelas da Globo. "Hoje
temos TV paga, programas de violência... O público está dividido."
Linhares concorda. "Uma parcela fica
mudando de canal. A Globo não tem
mais hegemonia. O horário é complicado, tem os programas policiais",diz.
"Erraram no elenco. Falabella não é galã. Vera Fischer tem carisma, mas, sozinha, não vai segurar. A novela está mal
encaminhada", diz Pallottini.
Linhares não acha que tenha errado na
escolha do casal -o papel de Falabella
foi recusado por Fábio Júnior. "São atores cômicos, e a minha novela é cômica."
O autor diz que não vem sofrendo
pressão da Globo. "Só recebo elogios."
O diretor da Central Globo de Comunicação, Luis Erlanger, diz que a emissora está satisfeita: "Trabalhamos em cima
de projetos consistentes, que não oscilam com os números da audiência".
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