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FESTIVAL ALOPRADO
Canal exibe 14 longas do comediante que mostrou o lado cruel do "american way of life"
Telecine Happy mostra Jerry Lewis
BRUNO SAITO
DA REDAÇÃO
É PRECIPITADO encarar um festival de filmes do comediante Jerry
Lewis apenas com uma alegria saudosista. O tempo nem sempre é sábio: grandes
engodos alcançam o status de clássico
apenas devido à idade avançada -assim
como o respeito devotado às pessoas
idosas. Não é o caso.
Com a programação de longas-metragens que o canal pago Telecine Happy
exibe a partir de amanhã, sempre às
21h45 (veja quadro ao lado), temos mais
uma oportunidade de olhar novamente
sobre a obra de Lewis. O preconceito em
relação a esse ator e diretor nascido em
1926 resume-se a encará-lo apenas como
um histérico comediante e, suas obras,
como tapa-buracos em qualquer "sessão
da tarde" desvalorizada.
Injustiça das maiores. Até hoje subestimado, Lewis é parte de uma geração que
trouxe grandes rebeldes do cinema e do
comportamento jovem. Em nível diferente dos ícones máximos do desajuste,
como James Dean e Marlon Brando, ele
bradava o direito de ser diferente em
uma sociedade tão supostamente perfeita (e não menos cruel do que a atual). Se
estudassem na mesma classe, ele seria o
típico garoto franzino ridicularizado pelos fortões.
Difícil imaginar o bobalhão e careteiro
Lewis com missões tão nobres? Basta rever filmes desta mostra, que recupera pérolas de sua melhor fase (anos 50 e 60),
em que fazia parte de um time genial que
incluía o ator Dean Martin e o diretor
Frank Tashlin.
Produções como "O Professor Aloprado" (dia 15), "Bancando a Ama-Seca"
(dia 11) e "O Terror das Mulheres" (dia
12) mostram o lado um tanto cruel do
"american way of life". Vemos personagens que valorizam a aparência em detrimento da essência.
Dom Quixote Por trás de fabulinhas aparentemente banais, Lewis encarnava um Dom Quixote abestalhado
que usava o bom coração, a ingenuidade
e o inusitado como defesas. É o triunfo
dos bons e a justiça que sempre vinga.
Com suas performances dignas de um
"Tom & Jerry", o ator abria verdadeira
"caixa de Pandora". Não é exagero dizer
que praticamente 90% do que é feito hoje
na comédia norte-americana vem do estilo de Lewis. A conferir no "Festival
Jerry Lewis - O Mestre do Riso".
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