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TEM VAGA NA MTV
O sonho de ser VJ
CARLA MENEGHINI
DA REPORTAGEM LOCAL
"ACHO QUE tenho tudo para
realizar meu sonho de ser
apresentador da MTV; essa minha gagueira é meu diferencial, meu charme", diz -sem esconder o dito atropelo fônico- o analista de sistemas
Eduardo Silva, 21, uma das cerca de 50
mil pessoas inscritas no concurso "Caça VJ", promovido pela emissora para
contratar um novo apresentador.
"O intuito não é escolher um bonitão
ou uma bonitona, e sim uma pessoa
normal, mas que tenha algo de especial", diz José Wilson, diretor de marketing da MTV e coordenador do projeto -que envolve a produção de vários programas-, orçado em R$ 15
milhões. Segundo ele, a média é de
3.000 inscrições por dia.
Serão quatro etapas: avaliação de fichas de inscrição (no site www.mtv.com.br) até o fim de agosto, testes de
vídeo em arenas espalhadas pelo país, em setembro e outubro, e, finalmente,
os programas-testes com os cinco finalistas, que vão ao ar em dezembro.
Também serão produzidos programetes, comandados por Thunderbird,
com os testes nas arenas. "Nos "drops"
queremos mostrar as piores e mais engraçadas performances", diz Wilson.
A seleção será feita pela produção da
emissora, não pelo voto do público, como era a idéia inicial. "Não queremos
que confundam o "Caça VJ" com um
"Big Brother" requentado. Não vamos
correr o risco de colocar alguém do nível do Kléber Bambam como VJ", diz o
coordenador do projeto.
A única restrição imposta pela emissora é a idade mínima: 18 anos. "Até recebemos inscrições de alguns "coroas",
mas, obviamente, a preferência é pelos
jovens", afirma. Segundo a emissora,
há um candidato de 46 anos, que, pelo
visto, já está de fora.
Segundo Wilson, a MTV ensaiava
havia alguns anos fazer um concurso
nacional para VJ. Em 1993, a emissora
promoveu o concurso "Pega Pra
Criar", restrito a algumas capitais e que
lançou o professor de inglês Cazé Pecini como VJ. No ano passado, o canal
realizou o quadro "VJ por Um Dia",
parte do "MTV na Praia". "Era para ser
uma brincadeira, mas muita gente
achou que já estava contratada", conta.
Emprego
Ao final do processo,
restará um único escolhido, que assinará contrato de um ano com a MTV,
onde, inicialmente, apresentará um
dos programas de clipes, como o
"Uauá". "Fama, mulheres, dinheiro,
autógrafos, tudo isso virá junto", brinca Wilson.
E qual será o salário do VJ eleito? A
emissora só revela que é equivalente ao
de um médio executivo -entre R$
5.000 e R$ 15 mil, segundo tabela.
Mas os candidatos à vaga não parecem muito interessados no dinheiro.
"Se der para a alimentação e o vale-transporte já está bom", afirma o publicitário Fernando Fuzzaro, 23.
"Isso é um mero detalhe. Se eu pudesse, até pagava para apresentar o que
gosto na MTV", diz a designer carioca
Ghy Kurabayashi, 28, que considera-se
uma "emitivimaníaca".
"Se me oferecessem uma vaga na
MTV para segurar os cabos, sem ganhar nada, eu ia na mesma hora", afirma a auxiliar administrativa Patrícia
Aparecida, 26. "Nem acompanho muito a MTV porque não tenho TV a cabo,
mas ser selecionada seria a chance de
realizar o sonho que deixei para trás
quando larguei a faculdade de jornalismo por não ter como pagá-la."
Celebridade
"Minha vida daria
uma reviravolta: mudança de cidade,
correria, assédio, autógrafos, posar
nua e tudo mais o que vier", diz a candidata Ghy Kurabayashi.
"Imagina se me escolhem? Dá até um
medinho...", diz a estilista Adriana
Queiroz, 23, para quem ser VJ da MTV
não seria um fim, mas um meio. "Eu
poderia mostrar no ar minhas criações
e deixaria de ser uma "zé ninguém';
surgiriam convites para outras TVs."
A gaúcha Lúcia Green, 20, que também se inscreveu no "Caça VJ", afirma
que, se for escolhida, nunca deixará a
MTV em troca de um canal aberto:
"Não vou ficar de olho grande e cometer o erro do [Marcos" Mion, que se
queimou, nem da Sabrina, que está
muito forçada na Bandeirantes".
Mas não é só a MTV que mudaria a
vida dessas pessoas; algumas delas
também querem mudar a MTV.
"Quando eu estiver lá dentro, vou tornar o canal mais justo com todas as regiões do Brasil; só São Paulo e Rio têm
espaço na MTV", diz o soteropolitano
Maurício Lopes, 23. Fã de reggae e
"rastafari" assumido, ele reclama que
"as bandas baianas só têm espaço no
programa "Piores Clipes'".
O carioca Eduardo Silva conta as
mudanças que faria na emissora: "Como sou muito engraçado, colocaria
mais humor na programação e apresentaria um programa de debates para
conscientizar a juventude; estando na
MTV poderei mudar o mundo".
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