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JOGO DE PALAVRAS
Canal de Silvio Santos vai enfrentar o "Programa do Jô", da TV Globo, com a apresentadora que tirou da Rede TV!; ela diz que esqueceu a desavença com SS
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SBT entra na guerra dos "talk shows" com Marília
Raphael Falavigna/Folha Imagem
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A apresentadora Marília Gabriela, cujo novo programa no SBT, "De Frente com Gabi", estréia amanhã, à 0h30 |
CARLA MENEGHINI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A PARTIR de amanhã, a guerra pela
audiência entre a TV Globo e o SBT
chega aos "talk shows". Marília Gabriela,
53, a maior entrevistadora do Brasil
-como é classificada pelo canal pago
GNT, da Globosat, onde ela também trabalha- , recém-saída da Rede TV!, estréia o "De Frente com Gabi", que será
exibido de segunda a sexta no mesmo
horário do "Programa do Jô" (0h30).
Marília diz estar entusiasmada com a
volta ao SBT -ela trabalhou na emissora de 1995 a 2000- e não teme um provável aumento na cobrança por audiência. "Não sou mulher de grandes números no ibope, o Silvio [Santos] sabe disso,
mas tenho uma audiência fiel e qualificada que carrego comigo aonde vou; meu
público tem, em sua maioria, alto poder
aquisitivo e nível superior, um perfil de
consumidor que atrai anunciantes", diz.
Para a apresentadora, a volta ao SBT
significa a possibilidade de ampliar seu
público e de contar com uma infra-estrutura maior. "Por ser uma rede, terei à minha disposição mais facilidades e acesso
a convidados que só aceitam aparecer
em emissoras de grande porte."
Brava com Silvio Para quem jurava que ela nunca mais voltaria a trabalhar no SBT, Marília Gabriela parece
realmente animada. "Saí de lá bravíssima com o Silvio Santos. Na época, eu ia
estrear um programa de entrevistas igual
ao que vou fazer agora, mas o Silvio rompeu o acerto e mudou de idéia: me ofereceu um belíssimo salário para que eu
apresentasse o telejornal, que não era nada do que eu queria", conta ela.
Dois anos depois da decepção, aceitar
o convite para voltar ao SBT exigiu de
Marília uma dose de flexibilidade que,
segundo ela, só se adquire depois dos 50
anos. "Tenho revisto minhas posições
em relação a tudo, não tenho mais idade
para ter medo dos meus desejos", diz a
apresentadora, que planeja lançar um
disco no segundo semestre. "Já acertei
tudo com a gravadora, só falta o repertório, que será definido pela cantora Simone", conta Marília, duramente criticada
nos anos 80 por ter se lançado como cantora na época em que ancorava o "TV
Mulher", da Globo.
Marília foi novamente criticada no ano
passado, quando se arriscou como atriz
pela primeira vez, na peça "Esperando
Beckett", dirigida por Gerald Thomas.
"As oportunidades vão aparecendo, se
eu acho que vão me trazer prazer, faço",
diz a apresentadora, que planeja subir
aos palcos novamente no segundo semestre. "Será um espetáculo totalmente
feito por mulheres e sobre mulheres",
conta Gabi. Ela promete unir no projeto
a escritora Patrícia Mello, a cantora
Adriana Calcanhotto e a cenógrafa Daniella Thomas, entre outras.
'Close' Segundo a apresentadora,
"De Frente com Gabi" terá o mesmo formato do extinto "Gabi" que teve 449 edições exibidas pela Rede TV!: um ou dois
entrevistados por noite, participação do
público por e-mails e tom confessional.
"A regra continua valendo: se alguém
mentir, assina em "close'", afirma.
Para ela, o segredo da boa entrevista é o
bom entrevistado. "Minha função é fazer
com que ele brilhe, pareça uma pessoa
interessante e, de preferência, inteligente", diz.
No SBT, ela terá de mesclar grandes
nomes da intelectualidade -seus entrevistados preferidos- às figuras populares, que devem garantir índices de audiência considerados satisfatórios pela
emissora, mas todos os convidados devem ter sua expressa aprovação.
Gabi diz não adotar nenhuma técnica
específica de entrevista, mas não abre
mão de uma ampla pesquisa sobre o entrevistado. "Não falo de livro que não li,
de peça que não vi ou de filme a que não
assisti", afirma. E jura não ter receio de
perguntar nada a ninguém. "A verdade é
um procedimento elegante. Quando é
preciso, peço permissão, ou mesmo desculpas, por tocar em um assunto delicado, mas não deixo de perguntar nunca."
Para evitar as perguntas que ficam sem
resposta, mal crônico das entrevistas televisivas, Marília Gabriela diz que o segredo é ignorar o público. "Quando pergunto, realmente espero uma verdade,
uma resposta que me satisfaça e me convença; honestamente, não penso no telespectador."
Mulher Marília Gabriela é hoje uma
das mais admiradas -e invejadas-
mulheres do país: inteligente, bem-sucedida e casada com o galã de novelas da
Globo Reynaldo Gianecchini, 29. "Procuro manter essa admiração distante da
minha consciência absoluta. Não acho
que seria interessante nem produtivo
pensar dessa forma. Pode ser efêmero:
hoje me admiram, amanhã pode ser que
nem lembrem de mim."
Marília estreou na televisão no início
dos anos 70, como repórter do jornal
"Hoje" e do "Fantástico", na Globo, e ganhou destaque na década de 80, quando
tornou-se âncora do "TV Mulher"
-que contava com a participação de
Marta Suplicy, Henfil e Clodovil, entre
outros. "O programa foi muito importante porque na época a mulher ainda
era um bicho desconhecido, uma novidade para a sociedade", conta.
A apresentadora ganhou maior notoriedade quando mediou os debates dos
presidenciáveis em 1989, na Band. "As
pessoas ficavam impressionadas com
aquela mulher que peitava todos aqueles
homens poderosíssimos, mas a verdade
é que eu sempre saía do estúdio muito
mal, chorando e dizendo "eu não ganho
para isso, não tenho obrigação de aturar
as agressões desses caras." Valeu a pena.
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