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POLÊMICA
Médicos condenam quadro do "Caldeirão do Huck" que não deixa dormir; apresentador diz que não vê problema
R$ 40 mil ou uma soneca
João Miguel Jr./TV Globo
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Luciano Huck e participantes do quadro, que estréia sábado |
CRISTINA RIGITANO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
NOVA atração do "Caldeirão do
Huck", da Globo, o jogo "Guerra do
Sono" vai mostrar o esforço de 40 pessoas para se manterem acordadas a fim
de embolsar o prêmio de R$ 40 mil. O jogo vai ao ar a partir do próximo sábado.
Ganha quem ficar acordado por mais
tempo. Nos EUA, um jovem ganhou
após ficar mais de 48 horas acordado.
O apresentador Luciano Huck diz que
o quadro será um dos trunfos do programa. "A gente gravou o primeiro jogo
nesse fim de semana [passado" e ficou
muito engraçado, divertido", afirma.
Nas primeiras 24 horas, os jogadores
podem relaxar, mas quem cochilar leva
um pequeno eletrochoque, através da
"pulseira anticochilo". "É uma cosquinha [sic", não é maldade. O cara fica louco! Sai pulando. É muito engraçado."
Depois de 24 horas, quem pregar o
olho está fora. Nessa fase, os participantes, já esgotados fisicamente, serão submetidos a provas físicas e de rapidez de
reflexo e raciocínio.
Especialistas dizem que a competição
faz mal à saúde. "O cansaço mental é um
mau-trato. A falta do sono altera todo o
ritmo do organismo. Aliada ao esforço
físico, pode levar à ansiedade, agressividade, depressão", afirma o neurologista
Deusci Alves Silva.
Seu colega Salim Michel Yaseji diz que
os participantes são passíveis de distúrbio comportamental. "Esse jogo não é
interessante. A pessoa pode ter esgotamento físico e mental. Quando quiser
dormir, há risco de insônia."
O médico diz que pessoas portadoras
de epilepsia não devem participar. "A
falta de sono pode desencadear um ataque epiléptico. É preciso que se faça eletroencefalograma antes. Muita gente sofre de epilepsia e nem sabe." A emissora
não divulgou a quais exames os participantes foram submetidos.
Segundo Huck, há um médico de plantão. "Não há problema físico em virar
noite. Os sistemas ficam debilitados, os
reflexos menos aguçados, a visão menos
precisa. Mas não há perigo. Senti neles só
um pouco de mau humor."
A psicóloga Tereza Nobrega acredita
que o "game" do "Caldeirão" vai chamar
a atenção do público. "O ser humano,
para se sentir um pouco melhor, tem que
ver alguém pior. Quadros como esse são
degradantes, apelativos."
Huck não concorda. "Não é nada degradante. Se fosse, a Globo não colocaria
no ar, e eu não faria."
Segundo ele, a atração será bem-humorada: "Senão, parece que a gente está
maltratando; eles estão ali porque querem. Não é pela audiência. É pelo jogo".
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