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SOB FOGO CRUZADO
Para o jornalista da Record, risco de o evento degringolar foi grande
Casoy diz que o debate teve alto teor explosivo
MARCELO MIGLIACCIO
EDITOR DO TV FOLHA
O JORNALISTA Boris Casoy não
era marinheiro de primeira viagem
em debates de candidatos à Presidência
-já havia mediado um embate decisivo
entre Lula da Silva e Fernando Collor na
eleição de 1989-, mas diz que o encontro entre presidenciáveis da última segunda-feira, transmitido pela Rede Record, foi, no mínimo, tão tenso quanto
aquele. "O risco de a coisa degringolar
para algo indesejado foi maior. Os candidatos estavam muito próximos fisicamente, as provocações foram mais fortes, havia maior teor explosivo", afirma.
A Casoy, 61, coube o ônus de decidir,
no ar, o que era e o que não era ofensa, e
arbitrar se determinado candidato teria
ou não direito de resposta. "Os assessores não conseguiram chegar a um consenso e me delegaram a decisão, que tinha uma margem subjetiva. Fiquei tenso, não tinha tempo para pensar e precisava decidir rapidamente, jogaram a
bomba no meu colo", diz o jornalista.
Sobre quem teria se saído melhor no
encontro, Casoy afirma não ter opinião
formada: "Eu teria de assistir à fita. Na
hora, estava concentrado em outras coisas. Mas acho que [José] Serra e Ciro
[Gomes] perderam com aquela briga.
Garotinho era franco-atirador, mostrou
que tem habilidade e um humor ferino e,
em alguns momentos, foi desconcertante. O Lula, a certa altura, me disse: "Nada
vai me tirar do sério nesta eleição".
Casoy diz que em nenhum momento
temeu perder o controle. "Eu tinha poder para suspender o debate, cortar microfones... dei alguma folga no tempo
para que a discussão não ficasse engessada. Eles [os candidatos] catimbaram o
tempo todo, mas acho que isso faz parte,
é cultural. O presidente da República tem
de saber catimbar."
Segundo Casoy, um dos méritos do
evento promovido pela Record foi não
começar muito tarde da noite. A decisão
de não convocar outros jornalistas foi
pessoal do apresentador. "Os marqueteiros, que fazem tudo para que seus candidatos não corram riscos, não queriam
dar o direito de réplica e tréplica a jornalistas. Então, eu preferi não colocar jornalistas só para enfeitar."
A audiência -dez pontos com pico de
13, sendo que cada ponto representa 47
mil domicílios sintonizados na Grande
São Paulo- foi considerada boa pelo
apresentador. "E isso não é só mérito da
Record, o momento era de grande interesse por causa das pesquisas que davam
a aproximação entre Serra e Ciro."
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