|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RESPOSTA
Evandro mostra que não interpreta só o Evandro
Ator se destaca no papel de Bill, um caça-talentos que finge ser gay em "Desejos de Mulher"
FERNANDA DANNEMANN
FREE LANCE PARA A FOLHA
DEPOIS de passar anos ouvindo que
interpreta sempre um único personagem -ele mesmo-, Evandro Mesquita, 50, surpreende como Bill, o caça-talentos que, sob a capa de um falso gay
de língua presa, tem se mostrado o mais
engraçado do núcleo cômico de "Desejos
de Mulher", novela das 19h da Globo.
"Meu jeito de representar é uma conquista dos tempos do Asdrúbal Trouxe o
Trombone [grupo teatral carioca dos
anos 70", é a desconstrução do texto, coisa que a Regina Casé, por exemplo, também faz. O surfista que interpretei em
"Top Model" marcou muito e, como eu tinha vivido aquele lance de pegar onda,
fiquei tachado. Claro que sou contra esse
rótulo que me jogaram, mas acho que ele
caiu um pouco. E agora, com o Bill, que é
um personagem diferente, as pessoas
percebem que tinham uma visão superficial do meu talento", diz o ator.
Evandro só lamenta não ter sido escalado para a cena de Wilker e Otávio Muller, gravada na passeata gay realizada
em São Paulo na semana passada: "Lá,
eu poderia sentir melhor a receptividade
ao papel".
Depois de fazer laboratório em agências de modelos, assistir a fitas com entrevistas de "bookers" -"pra ver os trejeitos"- e frequentar desfiles, ele acabou sabendo que está igualzinho a um
certo "booker" de São Paulo, conhecido
como Eli, e que também tem língua presa. "Tentei até um contato com ele através do "Vídeo Show", porque acho que
seria engraçado conhecê-lo, mas não
consegui nada."
Evandro nem se lembra de quantas vezes participou de projetos teatrais. "Fiz
umas seis novelas e uns cinco filmes, mas
também gosto de escrever e dirigir", diz
ele, que propôs à Globo a produção do
seriado "Avenida Brasil", que escreveu
há três anos e que conta a história de um
carioca que vai a São Paulo tentar conhecer o pai, um ex-jogador do Palmeiras, e
acaba fazendo dupla com um espertíssimo menino de rua. Elogiado por Guel
Arraes e Denise Saraceni, o projeto ainda
não saiu do papel devido à possibilidade
de a emissora relançar "Carga Pesada".
Tachado também de "cantor que brinca de ser ator", como ele próprio lembra,
Evandro recentemente comemorou os
20 anos da Blitz e, animado com a receptividade do público, que conhecia todas
as músicas, pretende lançar um CD para
marcar a data. "Será uma coletânea, mas
também terá canções inéditas e parcerias
com gente como o Lobão, nosso primeiro baterista", afirma.
Em outubro o ator pretende estrear, no
Rio, "Esse Cara Não Existe", que escreve
em parceria com Mauro Farias. "É uma
comédia sobre o posicionamento do homem frente às conquistas femininas",
diz ele, que também pensa em tirar da
gaveta dois roteiros para cinema. "Mas
cinema é mais difícil; preciso de alguém
que corra atrás disso pra mim", diz.
Texto Anterior: NY TV: Ozzy quase enlouquece MTV Próximo Texto: Justiça: Hallmark estréia série "The Guardian" Índice
|