São Paulo, domingo, 15 de setembro de 2002

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ÁGUAS PASSADAS

O humorista, que criticou várias vezes o grupo, grava uma participação especial que deve ir ao ar nesta terça-feira

Dez anos depois, Chico Anysio se reconcilia com os cassetas

MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA

DEIXANDO as mágoas para trás, o pessoal do Casseta & Planeta e o humorista Chico Anysio se reconciliaram na última terça-feira, quando os personagens Bozó e Alberto Roberto contracenaram com Reinaldo, Hélio de La Peña e Maria Paula. As cenas deverão ir ao ar depois de amanhã e põem fim às rusgas surgidas há cerca de dez anos, quando os cassetas iniciavam a carreira na TV e foram duramente criticados por Chico.
"O Chico nos soltou algumas farpas, mas a personalidade dele é assim mesmo, não foi uma exclusividade nossa", diz o casseta Cláudio Manoel, que teve a iniciativa de convidar o veterano humorista para uma participação especial. "Sua participação tem essa coisa legal de causar um ruído. Agora que o programa completa dez anos, é interessante receber um convidado que não teria espaço há algum tempo atrás porque não gostava muito da gente", afirma Manoel. Os próprios cassetas escreveram as falas de Chico Anysio como Bozó e Alberto Roberto. No caso deste último, o quadro faz uma pequena alusão à antiga desavença. "O cara [Chico" é uma lenda na TV brasileira, dispensa elogios, todo mundo sabe. Ele marcou a história do humorismo no Brasil com tipos absolutamente geniais, que orgulhariam qualquer criador de humor", enaltece Manoel, que interpreta o marombeiro Massaranduba e "seu" Creysson. Chico afirma ter ficado satisfeito com o resultado e elogia o trabalho de redação dos cassetas. Segundo ele, também em termos de representação dramática -a principal crítica feita por ele aos cassetas no passado-, o grupo evoluiu bastante. "Não há como comparar o trabalho de hoje com o do começo. Eles não eram atores, se escoravam num texto muito bom, e assim vieram. Hoje já sabem como a coisa deve ser feita. Já sabem compor um tipo sem escorregões", avalia Chico Anysio. O humorista diz, no entanto, que nunca teve qualquer desavença com os cassetas: "Isso é lenda. Eu sempre gostei do humor deles, e sempre fui seu leitor no tempo da revista". Cláudio Manoel concorda em parte, dizendo que realmente não havia um clima pessoal, porque não existia convívio para isto. "Foi meio um disse-que-disse. Mas foi bom para gerar reportagens."

"Cara justo"
Apontado como artista polêmico, Chico Anysio já entrou em desacordo com alguns colegas de profissão. Há dois anos, chegou a irritar a direção da Rede Globo ao disparar críticas severas à condução da emissora. "Minha personalidade não é polêmica. Eu sou um cara justo, luto por mais empregos para meus colegas comediantes, por mais programas de humor, e por um respeito maior aos que pertencem a essa classe", afirma Chico.
Ele se diz discriminado. "O fato de eu atuar na televisão faz com que se cometa a barbaridade de editarem um livro, "Cem Melhores Contos Brasileiros" (Ed. Objetiva), e não incluírem nenhum meu. Minhas músicas são quase renegadas, minha pintura é desqualificada, meus comentários de futebol são considerados idiotas, minhas poesias nem chegam a ser lidas...", reclama.
Atualmente, Chico está envolvido na elaboração de novos programas que pretende apresentar à emissora. "Neste ano, já entreguei 11, e espero, até dezembro, entregar mais quatro. O aproveitamento ou não dos projetos, e nem todos são para mim, depende da TV Globo", diz.



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