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RESERVA DE MERCADO
Projeto que prevê a exibição de pelo menos um longa por semana vai ao Senado
Filme nacional pode ganhar espaço na TV
MARCELO BORTOLOTI
FREE-LANCE PARA A FOLHA
OS FILMES estrangeiros poderão
começar a perder espaço na TV brasileira com a aprovação na Câmara dos
Deputados, na última terça-feira, do projeto de lei que obriga todas as emissoras a exibirem pelo menos um filme nacional
por semana.
O projeto, de autoria da deputada Jandira Feghali (PC do B-RJ), também trata
da regionalização dos programas e prevê
espaço para parceria e exibição de produções independentes.
Ainda não há data para a votação do
projeto de lei no Senado -último passo
antes da aprovação ou veto do presidente-, mas a classe artística está otimista.
Para a presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, Assunção Hernandes, a
iniciativa tem um papel importante também por abrir caminho para novas ações
e leis que regulamentem a TV.
"As emissoras são tratadas como propriedades particulares, e não como concessões públicas", diz ela. "São um terreno baldio onde cada um joga o lixo que
quiser", afirma.
Na opinião do ator Paulo Betti, a iniciativa deve revigorar a produção nacional.
"A TV é a maior janela que existe para o
cinema brasileiro, mas não está aberta",
afirma. Para ele, filmes estrangeiros, na
sua maioria de baixa qualidade, ocupam
quase toda a programação.
De acordo com a cineasta Tizuka Yamazaki, no momento de orçar um filme
no Brasil, os produtores nem computam
ganhos com exibição em TV, porque as
emissoras geralmente não compram.
Outra cineasta, Sandra Werneck, afirma
que há receio por parte dos canais em relação à audiência.
A aproximação entre o cinema nacional e as emissoras de TV é uma briga antiga dos profissionais da área. Há poucos
meses, uma medida provisória tentou
obrigar as emissoras de TV a destinarem
4% de seus lucros para a produção de filmes brasileiros, a exemplo de parcerias
que já acontecem em outros países. Mas
esse artigo foi retirado do texto antes de
sua promulgação.
A Associação Brasileira de Emissoras
de Rádio e Televisão (Abert), que propôs
alterações no projeto de lei de Jandira Feghali, não quis se pronunciar. A assessoria da Globo afirmou que a emissora é
uma das que mais exibe filmes brasileiros, além de realizar diversas co-produções nacionais.
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