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Canal Sony comemora a audiência de "Barrados no Baile"
JOSÉ AGUIAR
FREE-LANCE PARA A FOLHA
QUANDO estreou na TV americana, em 4 de outubro de 1990, ninguém poderia imaginar que a série "Beverly Hills 90210" fosse se tornar um fenômeno tão longevo. Dez temporadas
depois e, agora sendo reprisada pelo canal a cabo Sony, o seriado aqui batizado
com o esquisito nome de "Barrados no
Baile" (o nome original é o código postal
da região) é líder de audiência de segunda a sexta, às 13h -nas faixas de idade
entre 18 e 49 anos da classe AB. O mesmo, aliás, já tinha ocorrido nos anos em
que foi exibida na Rede Globo. Mas como se justifica tamanha popularidade
ainda hoje?
Talvez um dos motivos seja o nome de
Aaron Spelling por trás da produção.
Responsável por uma infinidade de séries -"Starsky e Hutch", "Casal 20",
"S.W.A.T.", "Ilha da Fantasia", "As Panteras" etc-, ele é considerado um dos
maiores produtores da história da TV.
Tanto que seu nome consta no livro
"Guiness", de recordes, graças às mais de
3.000 horas de exibição de seus programas de entretenimento no mundo todo
desde os anos 60. Foi ele, com seu toque
de Midas televisivo, quem convocou o
roteirista Darren Star para criar seu
maior sucesso na última década.
Em sua primeira temporada, "Barrados" tinha seu foco nos irmãos gêmeos
Brandon e Brenda Walsh, filhos de família classe média alta de Minessota que se
mudavam para a mais que abastada Beverly Hills e tentavam se adaptar àquele
meio hostil. Colocando a dupla sempre
em meio a polêmicas relacionadas a sexo, drogas e alcoolismo, a série não demorou a emplacar.
Com a precoce saída da estrela Shannen Dohert, a Brenda, por problemas
pessoais e com a produção, ganharam
mais espaço os demais coadjuvantes. Cada um deles passou a ter história própria.
A série então se tornou um programa em
que todos os personagens tinham a mesma importância.
Coube ao expectador escolher seu favorito, aumentando assim a possibilidade de diferentes públicos se identificarem com os tipos que cada um personificava. Brandon é o idealista, filho e amigo
ideal; Brenda é igualmente obstinada,
mas não tão boazinha; Kelly e Donna, a
princípio fúteis ricaças, se tornaram
grandes amigas de todos; e Dylan encarna o rebelde de bom coração. Sem falar
nos inúmeros personagens que entraram e saíram da série ao longo dos anos.
Jovens, ricos, belos e problemáticos, foram a catarse de sua geração, podendo
ser tanto admirados quanto invejados
por todos. Estava pavimentado o caminho do sucesso.
O êxito foi tanto que a série gerou outra, "Melrose Place", iniciada justamente
num episódio de "Barrados". Diferente
dos adolescentes ricos da original, "Melrose" contava com um elenco mais velho
e de diferentes classes sociais. Consequentemente, as tramas eram mais pesadas e, várias vezes, até absurdas. Quase
um dramalhão mexicano bem produzido. Mesmo assim, durou o suficiente para gerar também seu derivado, o seriado
"Models Inc.", este sim um dos poucos
fiascos da carreira de seu produtor.
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