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SUPERMERCADO ELETRÔNICO
Diretor do canal, que completa oito anos, diz que as pessoas têm medo de sair às compras
Violência alavanca vendas do Shoptime
DA REPORTAGEM LOCAL
SINTONIZADO em aproximadamente 10 milhões de residências, via
parabólica e cabo, o Shoptime, primeiro
canal de venda à distância da América do
Sul, completa oito anos no mês que vem
tentando acostumar o brasileiro a comprar -de copos a carros, passando por
lençóis e CDs- pela TV. Até hoje, cerca
de 1,2 milhão de pessoas já cederam aos
argumentos de televendedores como Viviane Romanelli e Fabiana Boal, que
apresentam "TV UD" e "Casa&Conforto", os líderes em vendas no canal.
Feito nos moldes do "Homeshopping
Network", canal americano que atinge
80 milhões de residências nos Estados
Unidos, o Shoptime apresenta oito programas. Segundo o diretor de programação do canal, Carlito Camargo, a violência urbana é o principal motivo para seu
crescimento. "Infelizmente, as pessoas
têm medo de sair de casa", diz ele, afirmando que o faturamento do canal entre
janeiro e setembro já igualou os R$ 96
milhões dos 12 meses de 2001.
De acordo com Camargo, o Shoptime
ainda não amargou os efeitos da crise
econômica, já que se direciona às classes
A e B. "Nosso público não vai a Nova
York duas vezes por ano, mas vai uma",
diz ele. "E nada mais justo do que comprar, aqui, o que compraria no exterior",
afirma, explicando que os produtos não
são caros, mas sim "de boa qualidade".
Uma cartada da empresa, formada pela Globo Par, GP Participações e Grupo
Macal, foi atrelar o canal a sucessos da
Globo, como as novelas "Laços de Família", "Andando nas Nuvens", "Terra
Nostra", e até ao "reality show" "Big Brother Brasil", que serviram de palco para
as vendas de Viviane Romanelli. Agora é
a vez de "Esperança".
"O Centro de Atendimento ao Consumidor, da Globo, identifica a volúpia das
pessoas em consumir certos objetos das
novelas, e nós tratamos de encontrar as
coisas pra vender", afirma Camargo.
"A luminária da casa da Helena [Vera
Fisher] em "Laços de Família" ensandeceu as pessoas. Tivemos que correr atrás
dela", diz ele. As bijuterias da Cristal
[Sandy] em "Estrela Guia" também deram trabalho. E ainda ocorre o inverso, e
os cenários das novelas podem servir de
vitrine para objetos saídos do Shoptime.
"O pessoal da produção de arte da Globo
já conhece nossos produtos", afirma Camargo.
(FERNANDA DANNEMANN)
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