São Paulo, domingo, 20 de outubro de 2002 |
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Primeiro desenho é de 1963
JOSÉ AGUIAR
Muitos desenhos animados japoneses têm origem nos quadrinhos produzidos no país (mangás), que servem de teste para futuras séries de TV.
Talvez o mais ilustre fã do gênero no
Ocidente seja Gendy Tartakoviski,
criador de "Laboratório de Dexter" e
"Meninas Superpoderosas", séries repletas de referências ao pop nipônico.
A influência encontrou seu expoente
máximo na nova série de Tartakoviski, "Samurai Jack", tributo estético
aos maneirismos e clichês do gênero.
Mas é fato que muito do que de melhor é produzido no Oriente não chega a nós. Obras de autores como Miyazaki estão restritas aos fã-clubes
que importam "animes".
Filtrando as séries comercialóides
(Pokémons, Digimons e afins) que infestam a TV atualmente, restam bons
desenhos que valem ser lembrados.
Quem abriu o caminho foi "Astro
Boy" ("Tetsuwan Atom"), criação do
quadrinista Osamu Tesuka. Em 1963,
foi a primeira série animada produzida no Japão e teve 193 episódios. Tesuka criou também outros dois "animes" populares no Brasil: "A Princesa
e o Cavaleiro" e o leãozinho "Kimba".
Outra série de sucesso foi "Speed
Racer" ("Mach Go Go Go", no original), sobre as aventuras de um piloto e
seu carro de corrida. A série, de 1967, é
cultuada e já passou até na MTV.
A extinta Rede Manchete teve papel
importante na popularização dos
"animes" no país. De todas as séries
que exibiu, talvez a mais célebre seja
"Patrulha Estelar" produzida em 1974
e mostrada 11 anos mais tarde no primeiro programa infantil de Xuxa Meneghel. Nela, o encouraçado Yamato,
afundado na Segunda Guerra Mundial, era restaurado e transformado
numa espaçonave de batalha que defendia a Terra de invasores.
Depois disso, os "animes" sofreram
do descaso total das emissoras. Incapazes de compatibilizar seu formato
(de histórias longas, quase como novelas), os canais exibiam episódios fora de ordem e muitas vezes nem sequer mostravam o final.
Foi assim com "Zillion", que marcou as manhãs de domingo da Globo
nos anos 80, e "Macross", que só foi
exibida decentemente na CNT.
Nos anos 90, novamente a Manchete voltaria a dar atenção a esses desenhos. Tanto que um de seus últimos
trunfos foi o fenômeno "Cavaleiros
do Zodíaco", um "anime" mediano,
mas que caiu como uma bomba num
público sedento de novidades.
"Cavaleiros" abriu caminho para
sagas como "Dragon Ball" e "Gundam", entre outras. Resta esperar que
as emissoras escolham melhor as séries que vão exibir. Afinal, nem todo
"anime" limita-se apenas a ser uma
propaganda de brinquedos diária. O
melhor do gênero ainda permanece
desconhecido do público brasileiro.
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