|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Segundos de fama
José Nascimento/Folha Imagem
|
Acima, o candidato a senador Lucas Albano (dir.) grava para o PMN |
Candidatos tentam driblar a falta de tempo e de recursos no horário eleitoral
RODRIGO DIONISIO
DA REPORTAGEM LOCAL
BORDÕES como "meu nome é
Enéas" ou "contra burguês, vote 16"
voltaram à programação na última terça-feira, com o início do horário eleitoral
gratuito. E esses são apenas dois exemplos de frases que, somadas a imagens
pouco usuais e produções improvisadas,
preenchem o espaço destinado aos partidos políticos menos conhecidos.
Com tempos de exposição inferiores a
um minuto, pouco dinheiro e "criatividade" de sobra, essas legendas fazem o
possível para marcarem seus nomes e
darem algum recado ao eleitor.
"Eu sou o Duda Mendonça de mim
próprio" (sic), afirma o candidato a governador de São Paulo pelo PRTB (Partido Renovador Trabalhista Brasileiro),
Levy Fidélix, referindo-se ao marqueteiro da campanha presidencial do PT.
Fidélix, celebrizado no horário eleitoral por insistir no projeto de criação do
aerotrem -espécie de metrô de superfície-, é presidente nacional, fundador
do partido e diz ser roteirista, diretor, auxiliar de edição e criador dos jingles da
campanha televisiva. Todo o equipamento (câmeras, estúdio, ilha de edição)
foi alugado e é operado por ele, seu filho
e outros correligionários.
Aproveitando o pentacampeonato
brasileiro de futebol e o fato de este ser o
quinto pleito disputado pelo PRTB, Fidélix tem feito seus candidatos aparecerem na tela com a camisa da seleção. Para registrar as imagens, reaproveita fitas
magnéticas utilizadas em outras eleições.
Outros adotam um sistema mais profissional de produção, apesar de também
não terem como esbanjar. O PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado), que já exibiu imagens de carteiras
de trabalho e bonecos Playmobil em chamas nas campanhas anteriores, trabalha
desde 1994 com uma produtora de vídeo
paulistana.
Neste ano, a legenda deverá gastar R$
40 mil na campanha de TV. Metade vai
para os programas do candidato a presidente, e a outra metade, para as propagandas dos postulantes a governador, senador e deputados estaduais e federais
em São Paulo. Tudo pago em parcelas,
segundo a coordenadora de comunicação do partido, Mariucha Fontana.
"A gente tenta ser o mais criativo possível. Temos um programa pobre, mas
não amador", afirma Fontana, que ainda
comenta o fato de as novas estrelas do
horário eleitoral do PSTU serem marionetes compradas de um camelô.
Segundo Antonio Rodrigues, assessor
de imprensa do PT do B (Partido Trabalhista do Brasil), que integra a coligação
Bandeira Paulista com o PTC, PRP e
PSC, a legenda gastou R$ 600 com o aluguel de um estúdio.
"Gravamos apenas a imagem dos candidatos. Se não falar, não há como errar,
e não precisamos ficar regravando e gastando mais dinheiro com as horas em estúdio. Depois, um amigo nosso, radialista, faz a locução", conta.
Tempo e espaço
Vinte mil reais
será o gasto com toda a campanha televisiva do PMN (Partido da Mobilização
Nacional) para os cargos de senador e
deputados estadual e federal por São
Paulo, segundo a secretária nacional da
legenda, Telma Ribeiro dos Santos. Ela
afirma que o trabalho está sendo realizado por uma produtora a preço de custo.
O grande problema do PMN, para Santos, é a falta de tempo. O partido dispõe
de 25 segundos por programa eleitoral
para apresentar seus candidatos a deputado estadual. "Colocamos dois ou três
candidatos juntos", conta a secretária.
O resultado, como já pôde ser conferido na TV, é um tanto bizarro: enquanto
um fala, outros dois ficam atrás, assentindo com a cabeça a cada frase. Os nomes e os números dos "papagaios de pirata" nem sequer aparecem na tela.
Parte da campanha do PV (Partido
Verde) dispensa a presença dos candidatos. Na tela surge o número do partido, e
é pedido o voto na legenda, no caso dos
deputados. A situação muda para a candidatura a governador, mas não muito.
"Com tão pouco espaço, seria uma
ofensa aos roteiristas dizer que fazemos
um roteiro para o programa. No máximo, determinamos a cor da roupa para
não brigar com a do fundo [verde"", afirma o coordenador de comunicação da
campanha para o governo de São Paulo
do PV, Victor Agostinho.
O malabarismo feito por alguns partidos fica claro no caso do PHS (Partido
Humanista da Solidariedade). A legenda
terá, somadas suas aparições nos 45 dias
de horário eleitoral, sete minutos para
apresentar 140 candidatos a deputado.
"Tivemos de conversar com todos e explicar que o mais importante é o nome
do partido, a nossa ideologia. Assim, vamos dar prioridade aos candidatos com
maior chance", afirma a presidente estadual do PHS, Cornelita Rocha Vidal.
A legenda participa da coligação São
Paulo nas Mãos de Deus, composta ainda pelo PGT e pelo PST. Os programas
dos três, segundo Vidal, são produzidos
no estúdio do candidato a governador de
São Paulo Carlos Apolinário (PGT).
O PCO (Partido da Causa Operária)
também realiza suas gravações com
equipamento próprio, em São Paulo. Segundo o candidato a presidente da legenda, Rui Costa Pimenta, os militantes servem de mão-de-obra.
"Eles têm conhecimento do assunto.
Não são necessariamente profissionais
da área de mídia, mas sabem o suficiente
para editar um programa", diz Pimenta.
Sem comentários
Após reclamar por não ser procurado para falar sobre os problemas do Estado e atacar os
adversários ininterruptamente por cerca
de 40 minutos durante a entrevista ao
TV Folha, o candidato a governador de
São Paulo e presidente do PAN (Partido
dos Aposentados da Nação), Osmar
Lins, definiu seu programa televisivo como "bonito e colorido". "O importante
não é ter dinheiro, mas fazer algo", disse.
No Prona (Partido de Reedificação da
Ordem Nacional), a ordem é falar pouco.
"O que é preciso saber sobre nossa campanha será visto nas ruas e nos programas de TV", limitou-se a dizer Havanir
Nimtz, presidente regional do partido e
candidata a deputada estadual.
Texto Anterior: Quem é quem Próximo Texto: NY TV: Dia 11 de setembro divide emissoras Índice
|