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IVAN FINOTTI - ivan.finotti@grupofolha.com.br
Ratos da reciclagem
O pessoal das "rat bikes" transforma latas de cerveja em escapamento para gastar o mínimo possível
Alguns leitores da versão on-line desta coluna se sentiram desconfortáveis com a decisão de Alex Brazales de manter seu Galaxie 1967 com pontos de ferrugem e sem pintura nova ("A pátina do tempo", 21/10) e sugeriram que ele jogasse o veículo no lixo.
Outros, mais tolerantes, opinaram que cada um trata seu carro como quer.
O fato é que automóveis enferrujados e com aparência de inacabados constituem um movimento nos Estados Unidos chamado "rat (rato) rods", em oposição ao termo "hot (quente) rods".
O grupo surgiu ainda nos anos 1970 como reação ao alto custo de transformação e às pinturas flamejantes dos "hot rods". "Rod" é abreviação de "roadster", aqueles autos antigos, normalmente sem capota, que os caras dirigiam com óculos de aviador.
Mais radicais são as "rat bikes", ou "motocicletas-rato". No Ratbike.org, por exemplo, aprende-se sua essência: "Deixe sua moto ostentar sua história com orgulho. Nada de limpeza, lavagem, polimentos ou partes brilhantes que nada acrescentam".
A intenção aqui é manter o veículo funcionando pelo máximo de tempo com o mínimo de gasto possível, o que exige soluções complexas de engenharia e adaptações bizarras, como latas de cerveja no cano do escapamento.
Alguns desses motociclistas se inspiram na série de filmes "Mad Max" e constroem grades para proteger seus faróis e motores. Outros acoplam tambores de óleo e até caixões sobre rodas para servir como "sidecar" de passageiro.
Seja qual for o nível de loucura, a regra é uma só: divertir-se.
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Há alguns anos, levei meu Maverick 1974 à oficina para consertar alguns pontos de ferrugem.
Ao tirar a tinta, o funileiro descobriu que partes do para-lama eram pedaços de latas de tinta para parede soldadas no lugar da chapa de aço original.
Nada como uma reciclagem secreta...