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Farol alto
EDUARDO SODRÉ eduardo.sodre@grupofolha.com.br
Custos e lucros
As distorções de preço de alguns produtos atingem patamares muito superiores às margens globais
Os impostos cobrados sobre o valor de qualquer produto comercializado entrarão nas rodas de discussão a partir de junho. Nesse mês, por força da lei, sete tributos passarão a ser discriminados nas notas ficais. Saberemos o que siglas como IOF, Cofins, ISS e ICMS representam na ponta do lápis.
No caso dos automóveis, a carga tributária pode representar mais de 40% do preço final. Os números alimentarão as discussões sobre "custo Brasil" e "lucro Brasil".
Mensagens que comparam os preços de carros à venda no país com modelos similares disponíveis por quantias bem mais modestas em outras nações voltarão a circular na internet.
São constatações e reclamações legítimas, embora careçam de um olhar atento sobre as regras tarifárias de outros países, as cotações de moedas estrangeiras e os gastos na fabricação. Porém, há um dado imutável: quem dita o lucro no Brasil é a demanda pelo produto.
Vamos analisar o segmento dos sedãs de porte médio com preço entre R$ 60 mil e R$ 90 mil. Os modelos líderes de venda no mercado custam entre 15% e 20% a mais que os últimos colocados. A comparação se baseia em versões com níveis equivalentes de motorização e de equipamentos.
Por serem carros do mesmo naipe, é fácil concluir que os custos de produção se equalizam. Portanto, o que se paga a mais pelos campeões de venda se converte em margem de lucro maior para o fabricante.
As montadoras defendem que, na média, a rentabilidade de suas empresas no país segue padrões mundiais. Porém, as distorções de preço de alguns produtos atingem patamares muito superiores às margens globais.
A concorrência mais acirrada a cada ano tende a fazer os preços caírem, mas esse é um movimento lento. O consumidor tem razão ao reclamar: pagamos caro demais pelos carros à venda no Brasil, com ou sem impostos.