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Para não pagar por serviços indesejados, é preciso fazer várias cotações, ler a apólice e questionar o corretor
Previna-se contra "extras" nos seguros
LUÍS PEREZ
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Quem contrata o seguro e recebe uma série de outros serviços
corre o risco de estar pagando a
mais por eles. O que realmente interessava -prevenir contra furto,
roubo, batidas e incêndio- poderia ter custado bem menos.
A hipercompetição entre seguradoras faz com que se ofereçam
itens dos mais inusitados, de
encanador a prêmios de loteria. Alguns não
são "de graça", mas opcionais cobrados à parte. Para não pagar
mais, é preciso ler a apólice com
lupa e não ter preguiça ou vergonha de questionar o corretor.
"Contratei um seguro que vinha
com um monte de serviços: chaveiro, encanador, tudo. Mas só
descobri depois que sairia mais
barato se não escolhesse todos
esses opcionais", conta a gerente
comercial Rosana Alves, 29.
"A culpa nesse caso foi do corretor. Mas, fazendo isso, ele perde o
cliente, e a seguradora perde junto", afirma Matias Ávila, 52, vice-presidente da Liberty Paulista Seguros. É verdade: ela nem lembra
mais quem era o corretor.
Corretor há 23 anos, Ricardo
Guilger, 46, sócio da Coutinho
Amaral Seguros, diz acreditar
mais em um erro de comunicação
do que em má-fé. "O corretor
quer "limpar" ao máximo a apólice
para vender mais fácil. Ganha-se
muito pouco nesses opcionais.
Alguns nem têm comissão."
Em números: o seguro de um
carro custa em média R$ 1.000, incluindo assistência no caso de panes, chaveiro e serviços durante
viagens. "Como essas coisas são
baratas, a contratação básica é essa", afirma o vice-presidente da
Sul América, Julio Avellar, 44.
Diferença de R$ 50
Pedir que se retirem esses itens
faria o seguro custar R$ 950. Ou
seja, se o cliente gasta mais de
R$ 50 por ano com serviços domésticos, vale a pena. Com muitos itens à parte, diz Avellar (que
exagera no exemplo, citando seguro para terceiros de R$ 1 milhão), o valor chega a R$ 1.500.
Dá trabalho, mas o negócio é
confrontar cotações. Uma das
mais curiosas apólices do mercado é oferecida pela AGF Brasil Seguros, com encanador, eletricista,
conserto de eletrodoméstico e
aparelho telefônico, entre outros.
"[Esses serviços] já estão dentro
do seguro de automóvel. Não
acrescentamos nenhum centavo a
mais. Por isso não há como a pessoa chegar e dizer: "Não quero isso
para pagar menos'", diz Marcelo
Goldman, 34, diretor-executivo.
Mas há opcionais pagos, como
as coberturas específicas para faróis, lanternas e vidros (R$ 70) ou
só de vidros (R$ 50). Uma pequena batida no farol prevê franquia
de R$ 17. A do pára-brisa custa
R$ 45. Os outros vidros e o retrovisor estão "dispensados".
Os "extras" nem sempre são
vantajosos. "A última coisa com
que o consumidor tem de se preocupar é com brindes", avalia Dinah Barreto, 45, assessora de direção do Procon (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor).
"Ele precisa estar mais preocupado com valores, condições gerais e se a empresa é sólida."
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