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CAPITÃES DA INDÚSTRIA
Diretor-superintendente da Fiat, Alberto Ghiglieno anuncia a chegada da Doblò Adventure e diz que planeja um monovolume
Fiat elimina o Brava, mas mantém o Mille
ARMANDO PEREIRA FILHO
ENVIADO ESPECIAL A BETIM (MG)
O Fiat Brava sai de linha neste
mês, canibalizado por seu concorrente familiar, o Stilo. A revelação foi feita pelo diretor-superintendente da Fiat no Brasil e responsável pela Fiat Auto na América Latina, o engenheiro eletrônico
italiano Alberto Ghiglieno.
Terceiro entrevistado da série
de conversas com dirigentes das
cinco principais montadoras instaladas no país, ele confirma o
apreço da empresa italiana pelos
seus produtos veteranos. Ghiglieno afirma que o Mille ainda será
feito por "muitos anos".
Folha - Qual a importância do
Brasil para a indústria?
Alberto Ghiglieno - O Brasil representa 20% do negócio total da
Fiat no mundo. É o país mais importante depois da Itália, cujo
mercado representa 60% para a
Fiat. É por isso que a empresa
aposta muito no crescimento do
país e nos permite fazer investimentos muito pesados. São R$ 3
bilhões em novos produtos e inovação tecnológica até 2005.
Folha - No ano passado, o sr. previu crescimento para a indústria
em 2003, mas o setor vive uma de
suas piores crises. O sr. errou ou o
Brasil é imprevisível?
Ghiglieno - Com certeza, eu errei
na estimativa, mas felizmente não
fui só eu. Então, provavelmente o
Brasil é um pouco imprevisível
também. Mas também a coisa
mais importante neste país é a capacidade de reação. Você pode ter
de um mês para o outro um crescimento de mercado inesperado.
Folha - Segundo pesquisas, o preço do Mille Fire duas portas subiu
3,76% entre julho e agosto, apesar
da redução de três pontos percentuais no IPI. As montadoras estão
descumprindo o acordo de repassar a redução para o consumidor?
Ghiglieno - Nós podemos demonstrar que reduzimos nossos
preços de tabela. Segundo, não
podem ser comparadas coisas diferentes, como modelos de um
ano e de outro. Há os concessionários, que não estão sob o controle da Fiat, e promoções localizadas em algumas áreas que não
dá para controlar. Estou certo de
que nós fizemos a nossa parte.
Folha - Quando sai a reestilização
do Mille e quanto tempo de vida ele
ainda tem?
Ghiglieno - É o cliente que decide
[por quanto tempo o Mille ainda
será fabricado]. Nós colocamos
todas as inovações tecnológicas
que podíamos no carro: motor Fire, mudamos acabamento. E o
Mille continua sendo o líder de
preço baixo. Vamos continuar a
produção dele por muitos anos. É
o quarto modelo mais vendido do
país. Temos muito tempo. É um
mito. Nós gostamos de mitos.
Folha - E a reestilização? Vai ser
neste ano ainda?
Ghiglieno - Não, com certeza
não. O prazo é imprevisível.
Folha - E quando vêm um monovolume e um utilitário esportivo?
Ghiglieno - Um monovolume
está nos nossos planos, mas não
podemos revelar para quando.
Folha - E um utilitário esportivo?
Ghiglieno - Não precisamos de
um modelo nesse segmento. Agora [neste mês] vamos lançar o Doblò Adventure.
Folha - Mas ele não virá com tração 4x4. Terá depois?
Ghiglieno - É, não virá agora. Temos um plano para depois.
Folha - Por que a Fiat mantém na
linha carros veteranos, como acontece com Mille e Brava, e já foi também o caso do Tempra?
Ghiglieno - É porque o cliente
decide o que tem ou não tem sucesso. O Brava sai de produção
neste mês. Ele tinha 7%, 8% de
participação. Agora temos mais
de 20% com o Stilo. No caso do
Mille, não faz sentido tirar um
carro que é o quarto mais vendido. Novidade é importante, mas o
preço para acesso também é.
Folha - O que mais o incomoda no
atendimento ao cliente da Fiat?
Ghiglieno - O que incomoda
mais o cliente é não ter um atendimento personalizado. Ele se acha
sempre especial, e, para os nossos
concessionários, clientes são
clientes, não há clientes especiais.
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