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Ferrari Challenge Stradale custa mais de R$ 600 mil, mas o toca-CDs é opcional; respostas do modelo são ágeis
Ronco do motor é a trilha sonora do carro
DO ENVIADO ESPECIAL A MARANELLO
Desative o alarme, gire a chave e
aperte o botão "start" no console.
Pronto, o ronco do motor 3.6 V8
-o mesmo do 360 Modena- invadirá o habitáculo. Na primeira
acelerada, fica claro: o Challenge
Stradale é um legítimo esportivo,
com direito a um barulho igual ao
dos carros de Fórmula 1.
As respostas são imediatas, seja
de aceleração, frenagem ou até
para fazer curvas. Ao dirigir, impressiona como o motorista tem
controle total do carro. Apesar de
não ser o modelo mais potente da
Ferrari -são 425 cv contra os
660 cv do Enzo-, a nova "macchina" não decepciona.
"Nossa meta era reduzir o tempo de cada volta na pista de Fiorano em três segundos. Conseguimos chegar a 3,5s", conta Patrizio
Moruzzi, chefe da divisão de motores de oito cilindros. Os bons resultados foram ajudados pela redução de peso -são 110 kg a menos que a 360 Modena.
A carroceria é de alumínio. Titânio foi usado em componentes da
suspensão e do motor. Fibra de
carbono, comum nos carros de
Fórmula 1 e nas séries limitadas, é
aplicada no revestimento das portas, nos bancos e no acabamento.
Parte dos vidros não é vidro: o
do compartimento do motor e o
da janela que desliza lateralmente
são feitos com Lexan, mesmo material usado em aeronaves.
Ao usar cerâmica e carbono nos
discos dos freios, como no Enzo e
nos F-1, a Ferrari conseguiu reduzir o peso em 16%. Extremamente
eficientes, eles diminuíram 5% o
espaço necessário para as frenagens. Também não se "estressam" com as altas temperaturas.
Interior "rosso"
Apresentado em março no Salão de Genebra, o Challenge Stradale traduz o que é ser um carro
esportivo. Seu interior é simples,
sem revestimento em carpete, e os
pedais são de metal. No centro do
painel -feito em fibra de carbono- está o conta-giros, não o velocímetro. Ele é tão importante
que seu fundo é amarelo, enquanto o resto é preto. O motorista
precisa saber a rotação para trocar a marcha no momento certo.
Os detalhes vermelhos se espalham. Além de parte do volante,
os bancos de tecido têm a mesma
cor. Esportivos, eles são duros,
mas envolventes. Outro "inconveniente" é o calor que vem do
motor, que é separado do habitáculo apenas pelo Lexan.
Por fora, a aerodinâmica se une
ao design esportivo. Os retrovisores foram "herdados" do 360 GT e
também são feitos em fibra de
carbono, e as rodas de aro 19 têm
desenho inspirado no Challenge
original. Os pára-choques dianteiros estão mais compridos, colaborando para deixar o carro 50%
mais "preso" ao chão. O desenho
da lateral cobre totalmente as rodas traseiras.
Estável
Mesmo já bem perto do chão
em outros modelos, o centro de
gravidade está 15 mm mais baixo
no novo Ferrari. Estabilidade é o
que não falta ao Stradale.
As borboletas para troca de
marchas são grandes, fáceis de serem usadas -não há nem comparação com outros modelos que
querem ter esse toque de esportividade, como Alfa Romeo 147 ou
Audi A8. Pisar no pedal do freio e
puxar as duas ao mesmo tempo
deixa o carro em ponto morto.
Para engatar a ré, basta apertar
um botão no console central.
O toca-CDs é equipamento opcional. Mas aí fica uma pergunta:
será que quem paga mais de
R$ 600 mil por um Ferrari prefere
ouvir música ou o ronco do motor?
(JOSÉ AUGUSTO AMORIM)
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