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CONSUMO
Especialistas dão dicas para tornar mais eficientes e precisas as avaliações feitas pelos motoristas nas autorizadas
Test-drive bem-feito alonga "casamento"
ARMANDO PEREIRA FILHO
EDITOR-ASSISTENTE DE VEÍCULOS E CONSTRUÇÃO
Como em toda relação que se
pretende duradoura, um test-drive bem-feito pode evitar problemas no futuro. O motorista deve
primeiro definir o tipo de veículo
de que precisa, planejar como vai
conferir se ele serve ao objetivo,
prestar muita atenção a detalhes e
fazer uma bateria de perguntas.
Tem de checar desde o ângulo
de abertura dos retrovisores externos até a capacidade de esterçamento para manobras numa
rua estreita, passando pelo desempenho em ladeiras, pela altura
do encosto de cabeça e pela facilidade de acesso aos comandos.
Essas são algumas das sugestões
de professores de engenharia e de
técnicos de montadoras e de concessionárias ouvidos pela Folha.
São dicas que ajudam a usufruir
melhor o test-drive e a escolher o
automóvel mais pertinente.
Maravilha enganosa
O coordenador do curso de mecânica automobilística da FEI
(Fundação Educacional Inaciana), Ricardo Bock, 50, diz que carro novo sempre parece "maravilhoso", mas isso não é exato.
"Em 15 minutos de test-drive,
não dá para avaliar muito bem.
Quando o motorista passa três
horas no carro, alguns detalhes
podem incomodar." Ninguém
deve ficar com o pescoço esticado
nem bater o joelho no painel.
Ao entrar no carro para um passeio de reconhecimento, o motorista não pode ter pressa, diz Marcelo Massarani, 38, professor do
mestrado profissional em engenharia automotiva da Escola Politécnica da USP (Universidade de
São Paulo). Precisa regular bancos, volante, retrovisores. Se for
necessário se inclinar para alcançar os comandos, é mau sinal.
Nem sempre as concessionárias
dispõem, para test-drive, do modelo em que o comprador está interessado. A versão pode ser superior, e o cliente fica sob risco de
se decepcionar quando levar para
casa um veículo mais simples.
O consultor da área automobilística Amos Lee, 50, adverte sobre
isso. "O motorista deve exigir que
o teste seja feito exatamente com
o modelo que ele deseja."
Pontos esquecidos
Para Edmilson Briotto, 50, gerente de treinamento da Academia Peugeot, entre pontos importantes esquecidos na hora do teste, estão a verificação do ângulo
de manobra, dos ângulos dos retrovisores, da regulagem de altura
dos bancos e dos cintos de segurança. "A maioria acha que test-drive é só acelerar e frear."
Experimentar o veículo em diferentes terrenos, incluindo ladeiras, é a sugestão de Natan Vieira,
36, gerente de produto da Ford.
Roberto Gasparetti, 40, supervisor de marketing de produto da
Mercedes-Benz, pondera que os
roteiros preestabelecidos para
test-drive podem limitar os resultados. "Os clientes devem ser deixados à vontade para decidir."
Definir a utilidade do carro é o
primeiro passo, afirma Ubner
Castelo Branco, 33, analista de estudos técnicos da Renault. "Vai
usar no trabalho ou no lazer?"
Ele também recomenda verificar a existência de itens de segurança: airbag duplo, freios com
ABS e barras de proteção lateral.
O cliente não deve dar uma volta como se estivesse dirigindo
normalmente, alerta Sergio Yassui, 39, gerente de qualidade da
Nissan. Ele precisa parar, arrancar, mudar de marcha, para sentir
a facilidade dessas operações.
Se, nas trocas de marcha, o câmbio arranhar, o motorista deve
averiguar mais. "O cliente não pode achar que é "barbeiro". Tem de
repetir a operação algumas vezes
para ver se acontece de novo", diz
Roberto Carlos Silva Junior, 32,
gerente comercial da Citroën.
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