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MERCADO
Com queda de 15,8% nas vendas no 1º semestre, momento é bom para negócios, desde que feitos com precaução
Usados estão em oferta, mas exigem cuidado
JOSÉ AUGUSTO AMORIM
ROSANGELA DE MOURA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
A oferta de veículos usados no
mercado está abundante. Segundo a Assovesp (associação dos
vendedores de veículos usados)
e o Sindiauto (sindicato do comércio varejista de usados), as
vendas, no primeiro semestre,
caíram 15,8%, se comparadas às
do mesmo período do ano passado. É hora boa para pechinchar.
"Chorar funciona na negociação", afirma George Assad Chahade, presidente das entidades. É
possível dividir a entrada em, pelo
menos, três vezes, ganhar o IPVA
(Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores) e a transferência de propriedade, além de
conseguir garantias adicionais.
Para aumentar ainda mais a já
vasta oferta, as locadoras resolveram entrar no ramo de vendas.
Grande parte delas comercializa
suas frotas, com tempo de uso
que varia de oito a 15 meses. A
Abla (Associação Brasileira de
Locadoras de Automóveis) calcula que 2.500 empresas tenham 178
mil veículos, que rodam, em média, 75 quilômetros por dia.
"A venda direta para pessoas físicas tem crescido muito", diz o
diretor-superintendente da Abla,
Luiz Antonio Cabral. A procura é
cada vez maior porque o preço
pode ser até 15% menor do que
em uma loja. Até então, o leilão
para pessoa jurídica era o mais
comum para desovar os estoques.
Riscos
Com tantas opções, o comprador precisa ficar atento. Estima-se
que haja 1,1 milhão de automóveis
em situação irregular no Brasil. Se
o carro adquirido for produto de
roubo ou furto, o consumidor
corre o risco de perder o investimento. Desconfiar de preços muito baixos é essencial.
O Procon-SP (Fundação de Proteção e Defesa do Consumidor)
registrou, de janeiro a maio, 1.684
consultas sobre usados -as principais queixas foram referentes a
entrega de produto com dano ou
defeito. Segundo o Código de Defesa do Consumidor, a garantia é
de 90 dias para todas as partes do
carro, não apenas câmbio e motor, como as revendas alegam.
O bom e velho mecânico de
confiança ainda é a melhor ajuda
na hora de examinar o futuro carro. Mas, para quem não tem uma
indicação, há lojas que fazem o
serviço gratuitamente. Tanto a rede DPaschoal como a Zacharias,
por exemplo, examinam cerca de
50 itens, desde pneus até terminais da bateria, e dão um laudo
com as reais condições do bem.
Nos leilões -cada vez mais frequentes em São Paulo e no interior-, é fundamental vistoriar o
carro antes da compra. No dia,
não é permitido. É comum que
o hodômetro seja adulterado para
baixar a quilometragem.
Documentos
Muito mais difícil que a parte
mecânica é saber se o carro é
"quente". Por isso dê preferência
a lojas legalmente estabelecidas,
que emitem nota fiscal e costumam levantar o histórico do carro
antes de vendê-lo. "Comprar em
feiras é muito mais arriscado",
lembra Emílio Martines Abril Lopes, diretor da divisão de licenciamento do Detran-SP (Departamento Estadual de Trânsito).
O site Checkauto promete pouco menos de 90% de eficiência para verificar se não há multas, adulterações de chassi e restrições cíveis e judiciais. Paga-se uma taxa
de R$ 10 por consulta. "Não é garantia, mas aumenta a segurança", diz Artur Aparecido Giansante, gerente de negócios do site.
O site do Detran e os de várias
prefeituras prometem mostrar as
multas pendentes. Mas isso só
acontece depois que o prazo para
recorrer já acabou e o dono passa
a ser visto como um devedor.
Documentação em nome de seguradora indica que o veículo sofreu um sinistro. Também não é
bom sinal um registro muito recente. Já os de locadoras "têm vida útil até 40% inferior, se comparado com o carro de um só proprietário", alerta o presidente da
Assovesp. A quilometragem costuma ser o dobro do normal, que
é de 15 mil quilômetros por ano.
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